domingo, 29 de abril de 2012

PARA OUVIR E REZAR - Tem calma - Pe. Fábio de Melo


Jesus, o Bom Pastor



 
                                                                                                            DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
                                                                                                ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
 O profeta Isaias havia anunciado que o Messias abriria sua boca em parábolas para que os de coração endurecido, vendo, não vissem e, ouvindo, não ouvissem. Quando Jesus anunciou sua missão misericordiosa nesta parábola, cheia de ternura, do Bom Pastor, o Evangelista nos relata que “eles não entenderam do que estava dizendo” (Cf. Jo. 10,6). Seu coração estava cheio de ódio porque não o queiram reconhecer como o Filho de Deus e “Novamente apanharam pedras para apedrejá-lo” (vs.21)e mais adiante, procuravam prendê-lo (vs.39).

Que o nosso coração esteja disposto e atento para percebermos todo o ensinamento da parábola e, sobretudo, para a vivermos na confiança ilimitada na bondade de Deus.

O pastor, uma realidade natural para o povo a quem Jesus falava e que perdurou por séculos até bem pouco tempo atrás, antes da transformação da economia rural em industrial. Ele cuidava das ovelhas e as guardava do perigo, levava-as às pastagens e, deixando seguras todas as outras, saía a procurar a que se extraviara, cuidava-lhe as feridas daquela jornada solitária e a levava novamente ao convívio das demais.

Jesus se intitula o Bom Pastor. Bom, ele o era por essência, como Filho de Deus, em quem habita. Em sua plenitude, a Bondade, ensina Santo Gregório, papa. Bom, também e ainda na sua forma, enquanto entregou sua vida pelas ovelhas que lhe foram confiadas pelo Pai. Não só se sacrificou por elas, continua o mesmo santo, mas ainda deu-se em alimento e bebida, na eucaristia: “Bom Pastor, entregou sua vida pela suas ovelhas para que, em sacramento para nós, vertesse seu corpo e sangue e saciasse as ovelhas que remira com o alimento de sua carne”.

Santo Tomas, no hino seqüencial “Lauda Sion”, que se reza na liturgia da missa da festa do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor, retoma o mesmo tema. Da Eucaristia, memorial da morte de Cristo, que nos dá em alimento, pede e suplica que nos conduza às pastagens eternas.

Na continuidade da parábola, Jesus ensina que a ovelhas conhecem a voz do Pastor e o seguem. Não reconhecem o mercenário, que não é pastor e a quem não interessa as ovelhas senão o ganho da jornada. Ele deixa vir o lobo que rouba rezes e devasta o rebanho. As ovelhas do redil de Cristo e ainda as de outro redil que vieram se juntar, os gentios que estavam longe da Aliança, reconhecem a voz do Pastor pela fé e pelo amor e o seguem aonde Ele as leva porque lhe foram dadas pelo Pai.

Quando Jesus anunciou que daria seu Corpo em alimento, os judeus e muitos discípulos se afastaram. Então o Mestre Divino perguntou aos que ficaram se também eles não queriam ir embora. Pedro respondeu em nome de todos: “Senhor as que iremos? Só tu tens palavra de vida eterna” (Cf. Jo.6,68). Como em outra passagem, não foi a sabedoria humana que inspirou a resposta, senão a inspiração divina, pela fé.


Jesus é a Porta pela qual se entra no redil. Quem não entra por esta Porta é assaltante e ladrão. O único caminho que nos conduz à segurança do aprisco e às pastagens eternas é o Filho de Deus: “Eu sou a Porta: se alguém entra por mim será salvo, poderá entrar e sair e achará pastagens” pois “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Cf. Jo.10,9-10).

Quando da Ascensão aos Céus, Jesus ordenou aos seus discípulos que continuassem a sua missão: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Cf. Mc. 16,15) E, conclui o Evangelho que os apóstolos partiram e pregaram por toda a parte. A continuidade do rebanho de Deus na terra, a Igreja, foi confiada a eles e a seus sucessores. Aos que foram chamados para esta missão devem conformar sua vida com a vida de Cristo e estender sua dedicação, seu amor, a sua misericórdia ao povo de Deus. E, seguindo a mesma lição de São Gregório, já citado, estar dispostos a oferecer sua vida por aqueles que lhe foram confiados.

São Pedro recomenda aos presbíteros: “Apascentai o rebanho de Deus que vos é confiado, cuidando dele, não contra a vontade, mas de bom grado como Deus quer...mas tornando-vos modelo para o rebanho (Cf. 2Ped, 5,2)

A nós, comunidade de fé e caridade, importa reconhecer neles a mesma voz do Pastor Eterno e retribuir com a mesma caridade e amor. Assim seguiremos o Bom Pastor, o Pão da Verdade e reconhecemos que Ele nos apascenta e nos guarda enquanto esperamos atingir os bens eternos na terra dos vivos. (seq. citada.)



Fábio de Melo e André Leono - VIVER PRÁ MIM É CRISTO


sábado, 14 de abril de 2012

DEVOÇÃO Á DIVINA MISERICÓRDIA



A Igreja estabeleceu que no primeiro domingo após a Páscoa o mundo católico celebrasse a Festa da Divina Misericórdia.  Santa Faustina Kowalska.jpg O mundo está cercado de crises, ameaças, guerras, violências e injustiças. Os bons, muitas vezes, sentem-se desanimados diante de tanta maldade e impunidade. A humanidade parece cada vez mais afastada de Deus e de seus mandamentos... As revelações de Nosso Senhor Jesus Cristo a Santa Faustina Kowalska nos indicam a solução para os problemas de nossos tempos.
Santa Faustina Kowalska
Maria Faustina Kowalska nasceu a 25 de agosto de 1905 no pequeno povoado de Glogowiec, no interior da Polônia. Aos vinte anos entrou para a Congregação de Nossa Senhora da misericórdia, na cidade de Cracóvia. Durante os anos turbulentos entre a primeira e a segunda guerra mundial, ela recebeu as revelações do próprio Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a Divina misericórdia. Em 5 de outubro de 1938, aos 33 anos, Faustina Kowalska faleceu devido a uma tuberculose. Após a sua morte, a devoção à Divina misericórdia espalhou-se pelo mundo inteiro.
O Santo Padre João Paulo II foi um grande devoto da Divina Misericórdia.  Em 1967, quando era Arcebispo de Cracóvia, o então Cardeal Karol Wojtyla concluiu a primeira etapa do processo de beatificação de Irmã Faustina.  Posteriormente, já na condição de Papa, elevou Santa Faustina à honra dos altares: em 1993 a beatificou e em 2000 a canonizou. A ele devemos também a Encíclica Dives in Misericordia, de 1980, que estabelece as bases doutrinárias do culto à misericórdia Divina.
A Revelação Misericordiosa de Jesus
Em suas revelações a Santa Faustina Nosso Senhor destacou a importância da misericórdia Divina no plano de salvação da humanidade. "Diz que a misericórdia é o maior atributo de Deus. Todas as obras das Minhas mãos são coroadas pela misericórdia" (301).
"Tudo que existe está encerrado nas entranhas da Minha misericórdia, e de forma mais profunda que a criança no ventre de sua mãe. Quanta dor Me causa a falta de confiança em Minha bondade. Os pecados que Me ferem mais dolorosamente são os de desconfiança" (1076).
Divina Misericórdia.jpg"Abri o Meu Coração como fonte viva de misericórdia; que dela tirem vida todas as almas, que se aproximem desse mar de misericórdia com grande confiança. Os pecadores alcançarão justificação, e os justos serão confirmados no bem. O que confiou na Minha misericórdia, derramarei na hora da morte a Minha divina paz na sua alma" (1520).
É por esta mesma razão que uma das lamentações mais impressionantes do Salvador é que, muitas vezes, os justos têm dificuldade em compreender a Sua misericórdia:
"O Meu Coração sofre porque até as almas eleitas não compreendem como é grande a minha misericórdia." (379) .... "Oh! como me fere a incredulidade da alma! Essa alma confessa que sou Santo e Justo e não crê que sou misericórdia, não acredita na minha bondade. Até os demônios respeitam a minha justiça, mas não crêem na Minha bondade. Alegra-se o Meu Coração com esse título da misericórdia" (300).
Divulgação da Devoção
Jesus quer que a humanidade conheça a bondade de Seu Coração. Por isso ele pede insistentemente que se divulgue para todo mundo o culto da Divina misericórdia.
"Minha filha, não te canses de divulgar a Minha misericórdia; consolarás com isso o Meu Coração, que arde como chama de compaixão para com os pecadores". (1521) ....  "Fala ao mundo da Minha misericórdia, do meu amor. Consomem-Me as chamas da misericórdia; desejo derramá-las sobre as almas humanas. Oh! que grande dor Me causam, quando não querem aceitá-las!" (1074).
"Diz minha filha, que sou puro Amor e a própria misericórdia. Quando uma alma se aproxima de mim com confiança, encho-a de tantas graças, que ela não pode encerrá-las todas em si mesma e as irradia para as outras almas" (1074).
"Minha filha, faz o que está ao teu alcance pela divulgação do culto da Minha misericórdia. Eu completarei o que não conseguires. Diz à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso coração, e Eu a encherei de paz" (1074).
"Minha filha, fala a todo o mundo da Minha inconcebível misericórdia" (699).
Promessas aos que divulgarem a Divina misericórdia
"Deus prometeu uma grande graça a ti e a todos que proclamarem esta Minha grande misericórdia. Eu mesmo os defenderei na hora da morte como a Minha glória. E, ainda que os pecados das almas fossem negros como a noite, quando o pecador recorre à Divina Misericordia_1.jpgminha misericórdia presta-Me a maior glória e é a honra da Minha Paixão. Quando a alma glorifica a minha bondade, então o demônio treme diante dela e foge até  o fundo do inferno". (378)
"As almas que recorrem à Minha misericórdia e aquelas que glorificarem e anunciarem aos outros a Minha grande misericórdia, na hora da morte Eu as tratarei de acordo com a minha infinita misericórdia" (1520).
"As almas que divulgam o culto da Minha misericórdia eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende seu filhinho e, na hora da morte não serei Juiz para elas, mas sim o Salvador Misericordioso. Nessa última hora a alma nada tem em sua defesa, além da Minha misericórdia. Feliz a alma que, durante a vida, mergulhou na fonte da misericórdia, porque não será atingida pela justiça" (1075).
"Todas as almas que louvarem Minha misericórdia e divulgarem a sua veneração, estimulando outras almas à confiança na Minha misericórdia, essas almas na hora da morte não sentirão pavor. A minha misericórdia as defenderá nesse combate final" (1540).
A Festa da Misericórdia
Nosso Senhor pediu a Santa Faustina que a Sua misericórdia fosse celebrada todos os anos por meio de uma solene Festa: "Desejo que o primeiro domingo depois da Páscoa seja a Festa da Misericórdia" (299).
"Desejo que a Festa da Misericórdia seja refúgio e abrigo para todas as almas, especialmente para os pecadores. Neste dia estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia. A alma que se confessar e comungar alcançará o perdão das culpas e das penas. Nesse dia estão abertas todas as comportas divinas, pelas quais fluem as graças. Que nenhuma alma tenha medo em se aproximar de Mim, ainda que seus pecados sejam como escarlate. A minha misericórdia é tão grande que, por toda a eternidade, nenhuma mente, nem humana, nem angélica a aprofundará. Tudo o que existe saiu das entranhas da Minha misericórdia. Toda alma contemplará em relação a Mim, por toda a eternidade, todo o Meu amor e a Minha misericórdia. A Festa da Misericórdia saiu das Minhas entranhas. Desejo que seja celebrada solenemente no primeiro domingo depois da Páscoa" (699).

O ILMAM - Instituto de Leigos Missionários da Santa Cruz e do Amor Misericordioso do Coração Eucarístico de Jesus - CELEBRA A FESTA DA MISERICÓRDIA DIVINA


                 O ILMAM - Instituto de Leigos Missionários da Santa Cruz e do Amor Misericordioso do Coração Eucarístico de Jesus, celebrará neste domingo, dia 15 de abril, a Festa da Divina Misericórdia, com um encontro, de 14 às 17 horas, na Capela de São Pedro, no Bairro Dom Expedito, em Sobral. Momento de graça e encontro do Coração humano com o coração de Deus.
                 PROGRAMAÇÃO:
De 14 às 15 horas - Louvor e Adoração ao Santíssimo Sacramento.
De 15 às 16 horas - Recitação do TERÇO DA MISERICÓRDIA e reflexão sobre a Misericórdia Divina.
Ás 16 horas - Celebração Eucarística, presidida pelo Padre Jairo Ponte, seguida da Procissão com a imagem de Jesus Misericordioso pelas ruas do bairro.
               P A R T I C I P E !!! Venha banhar-se na fonte da infinita misericórdia do Senhor!!!

FESTA DA DIVINA MISERICÓRDIA


A Divina Misericórdia

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
O segundo domingo da Páscoa, que encerra a oitava da Páscoa, foi escolhido pelo Papa João Paulo II como um dia mundialmente dedicado e consagrado à Divina Misericórdia. Escolha que deseja tornar conhecido em todo o mundo este atributo máximo de Deus mesmo, que se derrama em amor e misericórdia a toda a humanidade.
Aqui em nossa Arquidiocese essa Festa é marcada por celebrações com muita participação popular na Catedral Metropolitana. Recorda-me que iniciei o meu serviço aqui nesta Igreja exatamente nessa festa dominical, e tive a oportunidade de, mais tarde, criar o Santuário da Divina Misericórdia na paróquia do mesmo nome, em Vila Valqueire.
A origem desta festa se encontra nas inspirações particulares da mística Santa Faustina, que recebeu o dom de ser canal para que a Misericórdia Divina pudesse ser reconhecida em todos os cantos e recantos do mundo. Santa Faustina nasceu em 25 de agosto de 1905, na Polônia, sendo a terceira de dez filhos de uma pobre família de aldeões na cidade de Glogowiec. Seu nome de batismo era Helena e sempre se destacou, desde a infância, pela piedade, amor à oração e obediência, sem contar na extrema atenção dedicada às misérias humanas que presenciava. Sentia, desde pequena, o desejo de ingressar na vida religiosa, mas não encontrou ninguém que a pudesse orientar. À medida que foi amadurecendo o seu discernimento, começou a buscar o ingresso em várias comunidades religiosas e foi rejeitada em todas elas. Somente em agosto de 1925 é que ela conheceu a Congregação das Irmãs da Divina Misericórdia, onde foi aceita. Passou a maior parte de sua vida na Polônia e recebeu da Congregação o nome de Irmã Maria Faustina.
Santa Faustina é hoje considerada uma grande mística da Igreja Católica. Sua vida está narrada por ela mesma em uma autobiografia, no livro “Diário Espiritual”, onde ela escreve suas experiências místicas. Vale ressaltar que Irmã Faustina não pretendia escrever esse diário, mas o fez em obediência a seu diretor espiritual, que lhe pediu que o fizesse. A finalidade das revelações de Santa Faustina é clara desde o princípio: tornar conhecida a misericórdia do Senhor em todo o mundo.
Espiritualidade legitimamente confirmada e fundada nas Sagradas Escrituras, que nos sugere: "Sede misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso" (Lc 6,36). Santa Faustina foi canonizada pelo Beato Papa João Paulo II em 30 de abril do ano santo da redenção de 2000.
Vários elementos desta devoção estão espalhados e conhecidos em toda a Igreja: o terço da Divina Misericórdia, a contemplação da Imagem de Jesus Misericordioso, a festa da Divina misericórdia (no segundo domingo da Páscoa), a novena à Divina Misericórdia, e a oração das três da tarde, hora dedicada à grande misericórdia de Deus, que se oferece por todos no santo sacrifício da Cruz. A devoção ainda busca reafirmar e fortalecer o inestimável e inesgotável valor dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação.
O Papa João Paulo II, em 17 de agosto de 2002, visitou o Santuário da Divina Misericórdia, em Cracóvia, na Polônia. Na ocasião, ele realizou o Ato Solene de entrega do destino do mundo à Divina Misericórdia. Em sua homilia o Pontífice Romano ressalta a idéia de que a misericórdia Divina é o "atributo máximo de Deus onipotente", e reafirma, usando as palavras da Santa, que a Misericórdia Divina, é "a doce esperança para o homem pecador". (Diário, 951)
A oferta de vida de Santa Faustina em suas dores, associada à paixão de Nosso Senhor, fonte inesgotável de amor e misericórdia, tinha um tríplice objetivo, a saber: que a obra de misericórdia se difundisse por todo o mundo e sua festa fosse aprovada e comemorada; para que os pecadores pudessem recorrer à misericórdia e experimentar seus inefáveis efeitos, e para que toda a obra de misericórdia fosse executada de acordo com o desejo do próprio Senhor.
As virtudes da humildade (atitude do homem diante da imerecida eleição divina em Cristo), a pureza (transparências nas atitudes) e o amor (oferecer tudo de si ao outro) são incentivadas e vividas na mística da misericórdia. Manifestam a capacidade de amor que Deus depositou no homem como a mais profunda oferta de si em favor de toda a humanidade. A devoção à Divina Misericórdia, de cunho cristocêntrico e trinitário quer deixar sempre mais clarividente a espiritualidade que parte de Jesus em direção ao coração humano: "Apenas Jesus é meu estímulo para o amor ao próximo." (Diário 871)
A comunicação de Deus e de sua vontade a seu povo sempre foi uma experiência presente ao longo da história da salvação. A carta aos Hebreus nos afirma que "Deus falou de muitos modos e maneiras ao seu povo: por meio dos profetas, aos nossos pais, e, recentemente, por meio de seu Filho Jesus Cristo, constituído herdeiro de tudo.” (cf. Hb 1, 1-2). A espiritualidade de Irmã Faustina quer ainda reforçar sempre mais a certeza de que Deus é amor e misericórdia, de que Deus ama o ser humano, de que Deus se comunica (revela) em sua infinita misericórdia e nos convida a nela mergulharmos; de que Deus rejeita o pecado, mas acolhe e se faz próximo do pecador, comunicando-lhe sua graça e seu amor, portanto, seu ser mesmo.
Que a festa da Misericórdia Divina seja para nós um encontro com o Deus Uno e Trino, que é amor, e deseja nos levar ao amor. Que o mundo sedento deste amor possa se dobrar ao amor de Deus e acolher seus mais generosos benefícios.
Supliquemos a Jesus Misericordioso que desperte, mesmo nos corações mais endurecidos, a confiança Nele, e com Santa Faustina possamos rezar: "Jesus, eu confio em vós”. Com o coração desejoso de estar sempre meditando o amor misericordioso de nosso Deus, façamos juntos a consagração do destino do mundo à misericórdia Divina, rezada por João Paulo II, no santuário da Divina Misericórdia: "Deus, Pai Misericordioso que revelaste o Teu amor no Teu Filho Jesus Cristo e o derramaste sobre nós, no Espírito Santo, consolador, confiamos-Te hoje o destino do mundo e de cada homem. Inclina-te sobre nós, pecadores, e cura a nossa debilidade. Vence o mal; faz com que todos os habitantes da Terra conheçam a Tua misericórdia para que em Ti, Deus Uno e Trino, encontrem sempre a esperança. Pai eterno, pela dolorosa Paixão e Ressurreição de Teu Filho tende misericórdia de nós e do mundo inteiro. Amém.
Neste mundo tão duro e com tantas situações de morte sendo impingidas ao povo brasileiro, celebrar a misericórdia é uma ótima oportunidade de anunciarmos a todos a alegria da presença do Ressuscitado entre nós.
Que também nós sejamos misericordiosos e que levemos a misericórdia de Deus para todos, principalmente para a juventude, para que encontre o caminho da justiça, da paz e do seguimento do Cristo Redentor, distribuidor da vida e da paz!

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

PÁSCOA




Alegria Pascal

Dom Nelson Westrupp, scj

Bispo Diocesano de Santo André - SP

Lendo os Evangelhos, constatamos que Jesus, após a sua ressurreição, apareceu diversas vezes e em diversas ocasiões a muitas pessoas, demonstrando, assim, seu imenso amor para com elas e para conosco. Cumpriu o que havia prometido. O número de vezes em que Cristo ressuscitado apareceu, contudo, e a quem apareceu, não é essencial para crermos e aceitarmos a sua ressurreição.
Crer que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e que também nós ressuscitaremos com Ele, é exigência fundamental para a nossa vida cristã e para a nossa fé (cf. Cor 15, 14). A celebração da Páscoa é ocasião favorável para fortalecer a nossa fé na ressurreição do Senhor Jesus, acreditando naqueles que O viram ressuscitado (cf. Mc 16, 14).
A presença do Ressuscitado entre nós torna-O ainda mais próximo de nós, caminhando conosco, falando conosco, animando e sustentando cada passo nosso, enfim, fazendo arder nosso coração com Sua Palavra e Seu amor pelas estradas da vida. Assim sendo, Sua ressurreição colocou-O mais perto de nós, mais presente em nossa vida.
“Ouvistes o que eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós’” (Jo 14, 28). Com efeito, “a partida de Jesus inaugura um modo totalmente novo e maior da Sua presença. Com a sua morte, Jesus entra no amor do Pai. A Sua morte é um ato de amor. O amor, porém, é imortal. Por isso, a Sua partida transforma-se numa nova vida, numa forma de presença mais profunda que não acaba mais” (Bento XVI – 22.3.2008).
Já não há mais lágrimas de luto e de separação. Agora é tempo pascal, é tempo de viver a alegria, desfrutando ao máximo a presença viva do Ressuscitado.
É impossível imaginar a intensidade da alegria experimentada e sentida pelos Apóstolos no Domingo da Páscoa. A transformação no coração daqueles homens tímidos e desanimados, incrédulos e desesperançados, é indescritível. Agora não mais duvidam das promessas do Mestre. Agora entendem. Tinha de sofrer! Tinha de ressuscitar!
Ressurreição é vida nova. Não procuremos entre os mortos Aquele que se chama Vida. Com Cristo ressuscitado nasceu o “ser humano novo”, revestido de ressurreição. Cristo é a causa da nossa ressurreição, primícias dos que morreram (cf. 1 Cor 15, 20). Se Cristo ressuscitou, ressuscitaremos também nós, membros de Seu Corpo glorioso. Por isso, vivemos já ressuscitados na fé e na esperança. Pelo Batismo somos testemunhas qualificadas da ressurreição. Vale a pena ir dizer ao mundo que Cristo está vivo.
A Ressurreição de Jesus é verdadeiro movimento de amor, entusiasmo incontido de fé, sinfonia de amor divino, envio aos corações mais endurecidos.
A partir da sua ressurreição, temos certeza de que Cristo está no meio de nós, vive em nós, está na Igreja, na Palavra e na Eucaristia. Está em cada ser humano.
Cabe a cada um de nós encontrá-Lo, fazer experiência da Sua presença, entrar no Seu Coração ressuscitado, para viver sem cessar a alegria pascal.
Votos de uma feliz e santa Páscoa!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O ILMAM EM MISSÃO: SEMANA SANTA EM PATRIARCA, PARÓQUIA DA SÉ, SOBRAL.





             Nos dias 5 a 8 de abril, o Instituto de Leigos Missionários da Santa Cruz e do Amor Misericordioso do Coração Eucarístico de Jesus - ILMAM, sob as bençãos de seu Pastor, Padre João Batista Rodrigues Vasconcelos, Pároco da Catedral de Sobral, esteve em MISSÃO na comunidade de PATRIARCA, localizada há 24km  da sede do munícipio de Sobral, na zona rural. A missão consistiu na celebração de todos os atos do Tríduo Pascal: na Quinta-feira santa, à noite, a comunidade participou da Celebração da Ceia do Senhor, revivendo o gesto do Lava-pés, seguida do início da Vigília de Adoração ao Santíssimo Sacramento no Horto, que prosseguiu até às quinze horas da Sexta -feira Santa, quando teve início a Solene Liturgia da Paixão do Senhor, constando da Liturgia da Palavra, da Adoração do Cristo na Cruz, da comunhão eucarística e, em seguida, a Procissão do Senhor Morto, na qual um grande número de pessoas esteve presente. No Sábado Santo, dia de silêncio e recolhimento, às vinte e uma horas teve início a solene Vigília Pascal, com a benção do fogo, a Proclamação da Páscoa, a proclamação das sete leituras e dos sete salmos propostos pela Igreja, a renovação das promessas batismais, e a comunhão eucarística. Após a Celebração, a comunidade viveu um momento de muita alegria, com a Procissão do Senhor Rescussitado pelas ruas do distrito. A noite foi encerrada com uma bela representação do Senhor Rescussitado, no patamar da Capela de Nossa Senhora da Conceição. Vale ressaltar, a marcante presença do  povo de Deus que, de maneira ativa, participou de todos os momentos programados. As celebrações foram encerradas, com celebração do Domingo de Páscoa, no Domingo à noite.








            Para os membros do ILMAM, um tempo forte para mergulhar no místério da VIDA, PAIXÃO, MORTE e RESSURREIÇÃO de Jesus, vivendo cada celebração litúrgica, bem como recebendo formação, visto que, durante a preparação de cada uma destas, cada gesto, casa símbolo, o mergulho no sentido de cada momento celebrado, foi uma constante.





           Momento marcante e que a nós trouxe profunda e verdadeira alegria pascal, foi animar também, a Celebração Eucarística, na comunidade de LAGOA QUEIMADA, há alguns quilômetros de Patriarca, na manhã do Domingo da Ressurreição, atendendo ao convite do Conselho Comunitário de Pastoral local, presidida por nosso Pároco, Padre João Batista Rodrigues Vasconcelos.







Ir. Edmilson Moreira
Coordenador Geral do ILMAM

quinta-feira, 5 de abril de 2012


PREPARANDO O CICLO PASCAL – TRÍDUO

Sentido do tríduo pascal
O tríduo pascal, memória dos ‘últimos passos de Jesus, “começa com a missa vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na vigília pascal e encerra-se com as vésperas do domingo da ressurreição” (NUAL, 19)3. É a páscoa do Senhor, celebrada sacramentalmente em três dias: Sexta-feira da paixão, sábado da sepultura e domingo da ressurreição. É chamado “tríduo pascal, porque com a sua celebração se torna presente e se cumpre o mistério da páscoa, isto é, a passagem do Senhor deste mundo ao Pai” (cf. PCFP, 38).
“Partindo do tríduo pascal, como da sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche todo o ano litúrgico com sua claridade” (CIC, 1168)4. “Por isso, a páscoa não é simplesmente uma festa entre outras; é ‘a festa das festas’ (...). O mistério da ressurreição, (...) penetra o nosso velho tempo com a sua poderosa energia, até que tudo lhe seja submetido” (CIC, 1169).
A data da páscoa
“No Concílio de Nicéia (325) todas as Igrejas chegaram a um acordo que a páscoa cristã fosse celebrada no domingo que segue a lua-cheia (14 de Nisan) depois do equinócio de primavera. A reforma do calendário no Ocidente (chamada ‘gregoriana’, do nome do papa Gregório XIII, em 1582) introduziu uma defasagem de vários dias em relação ao calendário oriental. Hoje as Igrejas ocidentais e orientais buscam um acordo, a fim de se chegar novamente a celebrar em uma data comum o dia da Ressurreição do Senhor” (CIC, 1170)
Onde celebrar
Certamente o documento não tem como referência as paróquias (urbanas ou rurais) formadas por várias comunidades, como temos no Brasil; nem comunidades com assembléias litúrgicas com bom número de membros e ministérios, embora refira-se a paróquias pequenas confiadas a um só padre. Fala da possibilidade dos fiéis se reunirem na igreja principal para celebrarem o tríduo e de mais de uma celebração presidida pelo mesmo padre em igrejas diferentes (cf. PCFP, n. 43). Não considera o tríduo pascal celebrado “na ausência do presbítero”, como acontece em algumas de nossas paróquias e comunidades, com muitos e bons frutos.
Preparação remota dos ministérios
Para o desenvolvimento conveniente das celebrações do tríduo pascal, requer-se um suficiente número de ministros e de ajudantes (acolitas e acólitos), “que devem ser diligentemente instruídos sobre o que devem fazer”. Mais do que is o mistério celebrado e seus ritos devem ser relembrados aos ministros e ajudantes. E mais: estes não são improvisados, mas frutos de uma pastoral litúrgica e de uma prática celebrativa séria; colhemos o que foi plantado.
Preparar ao longo da quaresma
Esta é uma experiência muito interessante: preparar o tríuduo pascal a partir da primeira semana da quaresma. Mais de uma reunião é reservada para cada celebração. O primeiro contato é com a seqüência ritual de cada celebração: preparada por alguém, com cópia para todos. Em cada rito dá-se o tempo necessário para os participantes lerem os textos, comentarem, tirar dúvidas, explicitar o sentido... Depois disto, passa-se para o método consagrado dos quatro passos: o mistério da celebração, a Palavra de Deus, sugestões para a realização dos ritos (cantos, etc) e, finalmente, distribuição dos ministérios e serviços. Com certeza será preciso marcar uma reunião para vivenciar alguns ritos.
Preparação do canto
Particular importância é dada ao canto do povo, dos ministros e de quem preside a celebração do tríduo pascal, atribuindo às conferências episcopais o dever de propor melodias para os textos e as aclamações. O documento fala de “um repertório próprio para estas celebrações” e a elas reservado (reserva simbólica), tendo em conta a devida participação do povo. Chega mesmo a apontar o que deve ser cantado, por exemplo: o relato da paixão e a oração universal, a proclamação da páscoa, a ladainha dos santos e a bênção da água batismal... (cf. PCFP, 42). No Brasil dispomos já um rico repertório apropriado e reservado para a celebração do tríduo pascal5.
Salmos cantados com melodia única
Em geral em nossas comunidades não dispomos de muita gente habilitada para o canto e a música. A grande quantidade e variedade de cantos fazem com que as pessoas envolvidas no ministério da música tenham sua participação limitada pela preocupação com as diferentes melodias. Uma boa solução foi dada pela 7ª edição do 2º fascículo do Hinário da CNBB: as versões dos salmos responsoriais da vigília aí apresentadas, tendo a mesma métrica, podem ser cantados com a mesma melodia, o que facilita, e muito, a atuação dos/as salmistas e sua participação no conjunto da celebração.

A CELEBRAÇÃO NA CEIA DO SENHOR

Sentido
A celebração da Ceia do Senhor, “Recorda aquela última ceia em que o Senhor Jesus, na noite em que ia ser traído, tendo amado até ao extremo os seus que estavam no mundo ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e deu-os aos apóstolos como alimento” (PCFP, 44). Celebrada nas horas vespertinas da Quinta-feira Santa, tem caráter mais propriamente de ‘primeiras vésperas’ da ‘bem-aventurada paixão’, acenado já na antífona de abertura: devemos gloriar-nos na cruz... “Enquanto o Tríduo nos apresenta a realidade do mistério pascal único e unitário na sua dimensão histórica, a quinta-feira o transmite em sua dimensão ritual” (Bergamini, 316)6. É o momento sacramental da páscoa do Senhor, resumindo no Lava-Pés e no Sacramento do Pão e do Vinho, antecipadamente, todo o Mistério que vai se desdobrar no sacratíssimo Tríduo do Salvador, crucificado, sepultado e ressuscitado... O que deve ser sublinhado é a dimensão ritual, ou seja, o rito memorial, que torna presente o mistério pascal de Cristo (sem esquecer que a verdadeira eucaristia da páscoa, a missa da comunhão pascal é a da vigília, ápice da iniciação cristã).
Tabernáculo vazio
Para que apareça a ligação entre os gestos de Jesus que deram origem à liturgia eucarística (Jesus tomou o pão, deu graças, partiu e repartiu) “as hóstias para a comunhão dos fiéis devem ser consagradas na mesma celebração da missa”, por isso, “antes da celebração, o tabernáculo deve estar vazio”. O que está em jogo é a verdade dos sinais “para que a comunhão se manifeste mais claramente como participação do sacrifício celebrado” (IGMR, 56, h)7. “Consagrem- se nesta missa hóstias em quantidade suficiente para este dia e para o dia seguinte” (PCFP 48).
Capela da reposição
Nesta noite, consagrada à lembrança da eucaristia, com o sinal da adoração, a Igreja quer sublinhar a presença permanente de Cristo sob as espécies eucarísticas, como aspecto decorrente da celebração. Deste modo, o mistério eucarístico é considerado tanto na celebração da missa como no culto das santas espécies, que são conservadas depois da missa. Contudo a reserva do sacramento do Corpo do Senhor é destinada em primeiro lugar para a comunhão dos fiéis na ação litúrgica da Sexta-feira Santa e para o Viático dos enfermos (Cf. DPPL, 141 e PCFP, 55). As orientações parecem supor que havendo capela do Santíssimo, é para lá que devem ser conduzido procissionalmente o sacramento do corpo do Senhor, desde que haja espaço para abrigar certo número de fiéis. Caso contrário, “reserve-se uma capela para a conservação do Santíssimo Sacramento”. Algumas recomendações a propósito deste lugar da reposição: que seja ornado de modo conveniente, para que possa facilitar a oração e a meditação; que seja sóbrio, como convém à liturgia destes dias; o sacramento seja conservado num tabernáculo ou cibório fechados, nunca exposto em ostensório (cf. PCFP, 55).
Lava-pés
“O lava-pés que, por tradição, é feito neste dia a alguns homens escolhidos, significa o serviço e a caridade de Cristo, que veio ‘não para ser servido, mas para servir’ (Mt 20,8). Convém que esta tradição seja conservada e explicada no seu significado próprio” (PCFP, n. 51). Quanto ao beijo dos pés após a lavagem, como acontece no Vaticano e comumente entre nós, não é citado. O rito, como foi dito, expressa o serviço e a caridade do Cristo à humanidade.
Lava-pés alternativos
Em algumas comunidades procura-se preparar o lava-pés em sintonia com o apelo da Campanha da Fraternidade do anoMuitas vezes também mulheres e crianças têm os seus pés lavados. Aquele que preside às vezes é sucedido por irmãos e irmãs da comunidade. Há, inclusive, pequenas comunidades onde os membros podem lavar os pés uns dos outros. O mandato de Jesus de lavar os pés mutuamente é compreendido como destinado aos ministros ordenados e a todos os membros da Igreja: algo extremamente significativo em um mundo marcado pela exclusão e pela competição.
Obs.: Aqui é bom lembrar que estamos na America Latina (Brasil) e devemos ter uma liturgia inculturada e acolhedora. Com a participação de todos e de todas. A liturgia da America Latina (Brasil) abre espaço para isso, prescrita em seus documentos, a saber: Doc. de Medelin, Doc. de Puebla, Doc. de São Domingos, Doc. de Aparecida, os documentos da CNBB (em especial: Animação da Vida Litúrgica no Brasil, nº 43). Todos estes Documentos são aprovados pela Santa Sé, ou seja, pelo Santo Padre o Papa. Devemos ler estes documentos para amadurecer nossa fé para que ela não seja "infantil", pequena. Assim possamos celebrar o Verdadeiro Deus na Sagrada Liturgia.
“Dons para os pobres”
A celebração da Ceia, é o lugar e o critério para verificar a coerência entre a eucaristia e a comunhão fraterna, como acena o relato do lava-pés proclamado neste dia. Por isso, está previsto para a procissão das ofertas que se apresentem “os dons para os pobres, especialmente os que foram recolhidos no tempo quaresmal como frutos de penitência” (PCFP, 52), ou como resultado da Campanha da Fraternidade.
Doentes
“Para os doentes que recebem a Comunhão em casa, é mais oportuno que a Eucaristia, tomada da mesa do altar no momento da Comunhão, seja a eles levada pelos diáconos ou acólitos ou ministros extraordinários, para que possam assim unir-se de maneira mais intensa à Igreja que celebra” (PCFP, 53).
Reposição do pão eucarístico
Devemos ter cuidado com a condução deste rito. O essencial da celebração já se realizou: Palavra, lava-pés, eucaristia. A reposição do Santíssimo Sacramento não é o ápice dessa noite. Apesar da cruz, círios acesos e incenso, deve predominar a sobriedade na procissão e na reposição, para não se perder a densidade da celebração e sua continuidade com a paixão.
Adoração ao SS.
“A piedade popular é particularmente sensível à adoração do Santíssimo Sacramento... É preciso que os fiéis sejam esclarecidos sobre o sentido da reposição; realizada com austera solenidade...” (DPPL, 141). Os fiéis são convidados, à adoração silenciosa e prolongada, até a meia noite, quando começa o dia da Paixão do Senhor. É importante evitar, que depois da meia noite, continuem os turnos organizados de adoração para que esta continue, de fato, “sem solenidade” (cf. DPPL, 141 e PCFP, 56). Mais do que das explicações catequéticas, a clareza virá da maneira de proceder. A experiência tem mostrado a importância de valorizar o canto dos salmos nesta adoração e o documento sugere que “Durante a adoração eucarística prolongada pode ser lida uma parte do Evangelho de João (13-17)” (PCFP, 56), apontando a adoração como mistagogia da celebração.
Desnudamento do altar
Concluída a celebração, a mesa do altar é desnudada. “Convém cobrir as cruzes da igreja com um véu de cor vermelha ou roxa, a não ser que já tenham sido veladas no sábado antes do V domingo da Quaresma. Não se podem acender velas ou lâmpadas diante das imagens dos santos” (PCFP, n. 57).
Ofício
Na liturgia das horas não há um ofício próprio para oração da comunidade depois da reposição do Santíssmo. O Ofício Divino das Comunidades, contudo, apresenta o “ofício da agonia”, (ODC, p. 55)8. Não sendo a adoração uma ação litúrgica, o estilo proposto é o da leitura orante, intercalando a recitação comunitária de salmos e leituras com os momentos de silêncio e oração pessoal. Uma boa alternativa para este tempo prolongado de adoração!
Pão e oração em família
Uma prática possível e bem aceita. Pode incluir os vizinhos, mas prioriza unir os membros da mesma casa, onde nem todos participam do tríduo pascal. A partir do domingo de ramos, ou mesmo da quarta-feira de cinzas, pode ser preparada uma mesa com toalha e uma Bíblia e, se for conveniente, velas. Nesta noite, ao voltar para casa, um membro da família receberá pão e uma breve proposta de oração. Ao redor da mesa preparada em sua casa, irá rezar e partilhar o pão, lembrando a ceia do Senhor com seus discípulos.

SEXTA-FEIRA SANTA

Sentido
A Sexta-feira Santa não é dia de enfatizar o sofrimento de Cristo, mas de contemplar com atenção amorosa a sua morte vitoriosa, a sua bem-aventurada e gloriosa paixão. “Neste dia, em que ‘Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado’ a Igreja, com a meditação da paixão do seu Senhor e Esposo e adorando a cruz, comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo” (PCFP, 58).
Jejum e abstinência
“É sagrado o jejum pascal destes dois primeiros dias do tríduo, em que, segundo a tradição primitiva, a Igreja jejua “porque o Esposo lhe é tirado. Na Sexta-feira da Paixão do Senhor, em toda a parte o jejum deve ser observado juntamente com a abstinência, e aconselha-se prolongá-lo também no Sábado Santo, de modo que a Igreja, com o espírito aberto e elevado, possa chegar à alegria do Domingo da Ressurreição” (PCFP, 39 e 60).
Manhã de sexta-feira
Ofícios
É recomendada a celebração comunitária, nas Igrejas, do ofício da leitura e das laudes matutinas na Sexta-feira Santa da paixão e também no Sábado Santo, com a participação do povo para contemplar em piedosa meditação a paixão, morte e sepultura do Senhor, à espera do anúncio da sua ressurreição (cf. PCFP, 40 e 62).
Nas matrizes – sem dúvida – e em todas as comunidades onde for possível deveriam ser organizados os ofícios e o ofício das leituras na manhã da sexta-feira santa. Desta forma estaríamos oferecendo algo consistente à assembléia litúrgica e aos “peregrinos” que visitam as igrejas neste horário. Ofício divino das comunidades e Liturgia das horas completam-se na preparação desses momentos comunitários de oração, ao redor do altar desnudado.
Meio-dia e oração em família
Há famílias onde se faz jejum ao longo de todo o dia; não se houve música; a alimentação é mínima e muito simples. Comidas típicas são feitas para a noitinha. Há, no entanto, uma tradição de se fazer jejum até a metade do dia e depois partilhar um almoço à base de peixe e tendo o vinho (não a cerveja) como bebida. Para muitos escravos era o único dia do ano realmente “santo”, sem trabalho, onde os “senhores” lhes davam o “quebrajejum”. Tal confraternização de familiares (e amigos) – como de costume – prolonga-se pela tarde (impedindo o povo de estar na igreja às quinze horas). Em ambos os casos cabe muito bem uma oração comum, sugerida pela comunidade eclesial.
Celebração da paixão do Senhor
Sentido
Pela ação litúrgica da tarde a Igreja "medita a paixão do seu Senhor, intercede pela salvação do mundo, adora a cruz e comemora a própria origem do lado aberto do Salvador" (DPPL, 142).
A cruz da adoração
“A cruz a ser apresentada ao povo seja suficientemente grande e artística. Das duas formas indicadas no missal para este rito, escolha-se a mais adequada. Este rito deve ser feito com um esplendor digno da glória do mistério da nossa salvação ...” (PCFP, n. 68). Adquirir essa cruz deve entrar na lista de prioridades da comunidade.
E não se pode esquecer: “Use-se uma única cruz para a adoração, tal como o requer a verdade do sinal” (PCFP, n. 69). Há antífonas, ‘lamentos’ e hinos apropriados para a adoração, “que recordam com lirismo a história da salvação”. Estão no hinário da CNBB. Outro desafio para os animadores do canto da comunidade: aprender o apropriado e deixar de lado o improviso.
O lugar da cruz depois da comunhão
Duas orientações muito válidas: “Depois da comunhão proceda-se à desnudação do altar, deixando a cruz no centro, com quatro castiçais. (Depois) Disponha-se na igreja um lugar adequado (por exemplo, a capela da reposição da eucaristia na quinta-feira santa), para colocar ali a cruz, a fim de que os fiéis possam adorá-la, beijá-la e permanecer em oração e meditação” (PCFP, n. 71).
Horário mais tarde: por quê?
A celebração litúrgica deve estar acima das “práticas piedosas”, mesmo na escolha do horário (PCFP, 72). Em muitos lugares o final da tarde e a noite são preferíveis por motivos vários: existe o costume do povo vir à igreja nesse horário, como ponto alto do dia; o calor do dia de verão é mais suave; a confraternização do almoço em família já terminou. Há o simbolismo das três horas da tarde, mas a celebração pode ser realizada “desde o meio-dia até ao entardecer, mas nunca depois das vinte e uma horas” (PCFP, n. 63). O motivo é facilitar a reunião dos fiéis. As práticas piedosas (se realmente necessárias) são realizadas após a celebração litúrgica.
Práticas piedosas
São também chamadas de “pios exercícios” a via-sacra, o grande sermão (das “sete últimas palavras de Jesus”), a descida da cruz, a procissão do Senhor morto, etc. As práticas piedosas para alguns são um complemento da celebração litúrgica; para outros são a expressão mais forte – às vezes única – da sexta-feira da paixão do Senhor. Uma advertência que merecia ser aprofundada: evitar o “hibridismo celebrativo distorcido” entre ação litúrgica e práticas piedosas (cf. DPPL, n. 143). Uma orientação valiosa: “Os textos e os cânticos destes pios exercícios correspondam ao espírito litúrgico deste dia” (PCFP, n. 72).
Vinho e oração em família
No final deste dia poderia novamente a família se reunir. Agora, o membro que participou da celebração da paixão trará da comunidade um copo de vinho engarrafado e uma nova proposta de oração: nova oração e partilha em lembrança da entrega do Senhor.

SÁBADO SANTO

Sentido
“Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, meditando a sua paixão e morte, a sua descida aos infernos, e esperando na oração e no jejum a sua ressurreição” (PCFP, 73). É momento de meditar sobre a sepultura do Senhor, certificação de sua morte, pertencente à forma mais antiga da fé: ‘Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1Cor 15,3-4).
Sábado santo hoje
O sábado santo, em nossos tempos, é um dia de compras e limpeza da casa. Até mesmo a sexta-feira santa em muitas cidades perdeu quase toda a reverência da população. (...) para muitos é dia de descontração com churrasco e cerveja. O crescimento dos evangélicos parece ter ajudado a desvanecer o caráter religioso desses dias. Também é assim na maioria das cidades brasileiras?
Jejum pascal e algo mais
Algo não integrado em nossa prática: aconselha-se prolongar o jejum também no Sábado Santo, “de modo que a Igreja, com o espírito aberto e elevado, possa chegar à alegria do Domingo da Ressurreição” (PCFP, 39).
Em algumas comunidades é feita uma limpeza especial do templo, em forma de mutirão. Ainda há tempo disponível para a confissão sacramental. O retiro de sábado santo começa a ser promovido, como veremos. “Recolhimento” dos membros da comunidade e seus catecúmenos é a proposta do Ritual da iniciação cristã dos adultos.
Ofícios pela manhã e à tarde
Diferentemente da Igreja antiga que, no Sábado Santo, não se reunia nem mesmo para as orações, hoje recomenda-se com insistência a celebração comunitária do oficio das leituras e das laudes com a participação do povo (cf. PCFP, 73 e 40). A comunidade reunida na igreja (não na capela da reposição), encontrará nos salmos, nos próprios relatos evangélicos referente ao sepultamento de Jesus e no texto patrístico do sábado santo, rica expressão do mistério deste dia. O Ofício Divino das Comunidades e a Liturgia das Horas oferecem indicações preciosas para o ofício da manhã, do meio dia e da tarde (vésperas).
Ritos com os catecúmenos
No sábado santo a Igreja recomenda que os catecúmenos façam jejum e reservem tempo para a oração, participando do “recolhimeno” de toda a comunidade. Há ritos previstos para esse dia como o “éfeta”, a recitação do creio, o sentido do nome... A Igreja sabe, no entanto, que o trabalho profissional nem sempre permite um encontro para a celebração dos ritos.
Retiro na tarde de sábado?
Pode ser feito com os catecúmenos, ao redor dos ritos e leituras bíblicas previstas. Além dos padrinhos e introdutores, podem participar membros da comunidade. Igualmente pode ser preparado um retiro para os membros da comunidade, mesmo que não haja batismo na vigília pascal. Os ofícios desse dia (seja no Ofício Divino das Comunidades, seja na Liturgia das horas) darão a orientação na escolha dos textos e dos cantos. Há comunidade que une o retiro ao começo da vigília pascal.

VIGÍLIA E DOMINGO DE PÁSCOA

Sentido do domingo e da vigília
“O domingo de páscoa é a máxima solenidade do ano litúrgico” (DPPL, 148). Segundo uma antiga tradição, esta noite é consagrada ‘em honra do Senhor’ “e a vigília que nela se celebra, comemorando a noite santa em que o Senhor ressuscitou, deve ser considerada a ‘mãe de todas as santas vigílias’. Nesta vigília, a Igreja permanece à espera da ressurreição do Senhor e a celebra com os sacramentos da iniciação cristã” (PCFP 77) (...) “Com efeito, a ressurreição de Cristo é o fundamento da nossa fé e da nossa esperança, e por meio do Batismo e da Confirmação fomos inseridos no mistério pascal de Cris mortos, sepultados e ressuscitados com Ele, com Ele também havemos de reinar” (PCFP 80)
Prática alternativa de começar de madrugada
A vigília pascal deve terminar antes do amanhecer. Embora não seja comum, é possível começar a vigília de madrugada, ao redor das quatro horas. Nem todas as cidades e bairros permitem o livre trânsito das pessoas, mas há muitas vantagens nesta opção. Na escuridão e no silêncio, desenvolve-se a mãe de todas as vigília cristãs. Um café da manhã comunitário também faz sentido.
Estrutura da vigília
“A vigília tem a seguinte estrutura: depois do lucernário e da proclamação da Páscoa (primeira parte da vigília), a santa Igreja contempla as maravilhas que Deus operou em favor do seu povo desde o início (segunda parte ou liturgia da Palavra), até ao momento em que, com os seus membros regenerados pelo Batismo (terceira parte), é convidada à mesa, preparada pelo Senhor para o seu povo, memorial da sua morte e ressurreição, à espera da sua nova vinda (quarta parte). Esta estrutura dos ritos por ninguém pode ser mudada arbitrariamente” (PCFP, 81).
Possibilidades do círio
Costumamos dar preferência aos círios pascais pintados (e escavados) com a cruz, o “a” (alfa) e o “z” (ômega), assim como a indicação do ano em curso. Mas essa não é a primeira opção do missal. A primeira é o círio despojado de qualquer inscrição. Ele é símbolo por ser uma grande vela e pelo material com que é feito, embora a maioria das comunidades não tenha condições de ter um círio de “cera virgem”. A segunda opção é fazer as inscrições na própria celebração, com um estilete. A terceira possibidade é a nossa costumeira.
Participação dos neófitos
Recém-nascidos é a tradução literal de neófitos; aqueles que foram iniciados no mistério de Cristo pelo batismo e pela confirmação na vigília pascal. Pela primeira vez, agora como membros do povo sacerdotal, participam das preces e levam os dons do pão e do vinho até o altar. Pela primeira vez participam da oração eucarística e da recitação da oração do Senhor e, como ápice da iniciação, se aproximam da mesa para a comunhão eucarística. É conveniente que participem de todo o tríduo pascal, embora sem comungar.
Ovos de galinha, água e oração em família
No final da vigília, os participantes podem receber ovos de galinha cozidos e, eventualmente, coloridos. (As crianças da comunidade poderão pinta-los na semana santa.) Um ovo para cada membro da família, a ser partilhado no café da manhã ou no almoço. A ressurreição do Senhor é lembrada com esse sinal de fecundidade e com uma oração proposta pela comunidade. O almoço de páscoa também costuma ser festivo e reunir parentes e amigos e pede uma bênção à mesa. Outro sinal que poderá ser levado para cada é a água benta, tão apreciada.
Mistagogia e “verdade dos sinais”
A primeira parte da vigília pascal “compreende ações simbólicas e gestos, que devem ser realizados com tal dignidade e expressividade, de maneira que os fiéis possam verdadeiramente compreender o significado, sugerido pelas advertências e orações litúrgicas. Na medida em que for possível, prepare-se fora da igreja, em lugar conveniente, o braseiro para a bênção do fogo novo, cuja chama deve ser tal que dissipe as trevas e ilumine a noite. Prepare-se o círio pascal que, no respeito da veracidade do sinal, deve ser de cera, novo cada ano, único, relativamente grande, nunca artificial, para poder recordar que Cristo é a luz do mundo. A bênção do círio seja feita com os sinais e palavras indicados no Missal ou por outros aprovados pela Conferência Episcopal” (PCFP 82).
“A liturgia da vigília pascal seja realizada de modo a poder oferecer ao povo cristão a riqueza dos ritos e das orações; é importante que seja respeitada a verdade dos sinais, se favoreça a participação dos fiéis e seja assegurada a presença de ministros, leitores e cantores” (PCFP 93).
“Ao anunciar a vigília pascal, evite-se apresentá-la como o último ato do Sábado Santo. Diga-se antes que a vigília pascal se celebra ‘na noite da Páscoa’ e como um único ato de culto. Recomenda-se encarecidamente aos pastores insistir na formação dos fiéis sobre a importância de se participar em toda a vigília pascal” (PCFP 95).
“Para poder celebrar a vigília pascal com o máximo proveito, convém que os próprios pastores adquiram um conhecimento melhor tanto dos textos como dos ritos, a fim de poderem dar uma mistagogia que seja autêntica” (PCFP 96).
Aspersão com água
“A missa do dia da Páscoa deve ser celebrada com grande solenidade”. O que é sugerido para todos os domingos do ano, aqui se recomenda de maneira especial: em lugar do ato penitencial, o rito da aspersão "com a água benzida durante a celebração da vigília”. Temos uma boa versão para o canto da antífona (Vidi aquam) sugerida para acompanhar o gesto da aspersão: ‘eu vi, eu vi, vi foi água a manar’ ou ‘Banhados em Cristo’. Com essa mesma água convém encher os recipientes (vasos, pias) que se encontram à entrada da igreja (cf. PCFP, 97)
“Vésperas batismais”
“Conserve-se, onde ainda está em vigor, ou, segundo a oportunidade, instaure-se a tradição de celebrar as vésperas batismais do dia da Páscoa, durante as quais ao canto dos salmos se faz a procissão à fonte” (PCFP, 98).


1 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis Sollenitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais (carta circular), 1988. Foi publicada no Brasil com o Título: Preparação e Celebração das Festas Pascais, na coleção, Documentos Pontífícios, n. 224, p. 25.
2 CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre piedade popular e liturgia; princípios e orientações. São Paulo: Paulinas, 2003. Cf. especialmente pp.112-156 sobre o ciclo pascal.
3 Normas Universais do Ano Litúrgico
4 Catecismo da Igreja Católica.
5 Cf. CNBB. Hinário Litúrgico da 2º fascículo. Quaresma, Semana santa, Páscoa, Pentecostes. São Paulo: Paulus, 2006. 7ª Edição, revisada e ampliada. Cf. também Cds: Tríduo pascal I e II. São Paulo: Paulus.
6 BERGAMINI, Augusto. Cristo, festa da Igreja; o ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994, p. 316.
7 Instrução Geral sobre o Missal Romano
8 Este ofício ampliado, encontra-se na página eletrônica da revista de Liturgia e da Rede celebra, com o nome: “Vigília com Jesus no Horto”.