domingo, 28 de abril de 2013

ESPIRITUALIDADE



O que é Espiritualidade

Espiritualidade é literalmente a qualidade do que é espiritual, e a vida segundo o espírito. Não devemos compreendê-la de modo dualista, separando corpo e espírito. É um encontro com o absoluto na vida tomada holisticamente, e o ser humano integral que experiência o transcendente.
Envolve o espiritual e o material, o individual e o social, o pessoal e o estrutural, o transcendente e o imanente, a contemplação e a ação, a fé e a justiça, a teoria e a prática...
Quando falamos em espiritualidade cristã, entendemos melhor esta exigência. “Espiritualidade cristã é um modo de ser cristão", definiu Gustavo Gutierrez. É deixar-se guiar pelo Espírito que o próprio Jesus viveu e proclamou. Esse espírito que gera vida nova, liberdade e nos torna filhos de Deus, como nos diz São Paulo: “Se vivemos pelo Espírito, pelo Espírito pautemos também nossa conduta" (Gl 5,25). E vivamos esta conduta já, aqui e agora, por isso a espiritualidade é essencialmente prática. A relação com a divindade reflete-se na relação conosco mesmos e com o outro, o nosso próximo. Viver a espiritualidade é deixar-se conduzir pelo Espírito, e imitar Cristo, ser o próprio Cristo.
Não nos esqueçamos que para viver a espiritualidade Cristã se faz necessário o compromisso. Mas não unicamente o compromisso com Deus, a vivência de práticas piedosas, de oração, afastando-se da realidade da Igreja,  Povo de Deus. Lembremo-nos que Jesus viveu sua santidade no mundo, no contato com o próximo, com o excluído... Hoje quem seriam estes nossos irmãos e irmãs?
De suma importância para nós Cristãos é termos em mente que a espiritualidade vivenciada por Jesus foi a da pratica da justiça e do amor.
Viver segundo o Espírito, ou guiado por Cristo, exige este compromisso com o próximo, imagem e presença do Criador.
Quando pensamos na realidade brasileira e latino-americana, esse compromisso é ainda mais exigente. Como agiria Cristo num ambiente de exclusão e desigualdade, opressor e injusto como o nosso? O Brasil e toda a América Latina foram explorados desde a chegada dos primeiros europeus. Perdeu praticamente toda sua riqueza natural e cultural. Hoje sofremos as conseqüências de toda essa desestruturação. Há uma desigualdade gritante entre ricos e pobres, entre um pequeno grupo que tem acesso a tudo: à melhor tecnologia, à fatura, ao melhor ensino. E há também uma imensa massa que é manipulada, explorada e mal tem acesso aos meios básicos para sua sobrevivência. Em todos os âmbitos, vemos essa diferença. Vale tanto para a economia como para a saúde, a educação, a cultura, a moradia, a política, o lazer... Vive-se uma constante tensão, insegurança e instabilidade. Para muitos, o único apoio é a fé e a esperança.
E HOJE...
Cada vez mais se busca na fé o sustento para a vida, ânimo para superar as dificuldades e respostas para as angústias e os medos. Como ser cristão autêntico neste contexto? Como viver a liberdade e o amor neste ambiente de opressão e competição? Somente olhando para a vida de Cristo encontraremos uma resposta. Somente a partir do exemplo de Jesus podemos delinear uma espiritualidade própria a esse contexto.
A mensagem do evangelho é radical e nos conduz a uma ação revolucionária e libertadora, como foi a vida de Cristo. Ele denunciou as injustiças, enfrentou os opressores e protegeu os fracos e humildes. O cristão é chamado a essa vivência também. Como dizíamos anteriormente, espiritualidade exige uma prática, uma vivência no mundo de forma diferente, guiada pelo Espírito e imitando Cristo.
Nesse contexto de opressão, somos claramente impelidos a termos atitude profética e solidária. Profética porque devemos ir contra a estrutura excludente e que não gera vida, estrutura que nega a dignidade e a liberdade a uma multidão de seres humanos.
Devemos lutar pela justiça e pela igualdade.
E nossa ação deve também ser solidária, caridosa. Jesus nos diz que devemos "amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos". E amar o próximo é participar de sua vida, sofrer com suas dores e lutar pela sua felicidade e bem-estar. É  conduzir o outro à vida, formar comunhão com ele. Daí surge o Reino. É da alegria em ver o outro feliz, da humildade em reconhecer o outro com todas as suas qualidades e defeitos, que brota o Reino de Deus.
Parece-me que o melhor modo de viver a espiritualidade, hoje, nesse contexto, é unindo a defesa dos humilhados, a luta pela dignidade e pelo direito dos oprimidos com o amor e a humildade de coração. Unir a força e a coragem do mártir, do profeta, com a serenidade e abertura a Deus do monge. Unir a denúncia e oposição ao sistema sócio-econômico injusto com a simplicidade e sensibilidade. Unir justiça e amor. Seria como unir modelos de espiritualidade como dom Oscar Romero e São Francisco de Assis.
Isso, evidentemente, é um ideal que nossas limitações humanas dificultam a concretização. Mas se procurarmos verdadeiramente esse caminho de espiritualidade, certamente obteremos bons resultados e uma satisfação enorme por ter respondido ao convite de Deus.
Fonte:Congregação dos Irmãos dos pobres de São Francisco


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sábado, 27 de abril de 2013

QUINTO DOMINGO DA PÁSCOA


NOVO CÉU E UMA NOVA TERRA

“Eu vos dou um novo mandamento”. Verdadeiramente o Senhor veio
 para fazer “nova todas às coisas”. Mas no Antigo Testamento aprendemos,
 em Deuteronômio e Levíticos, e Jesus repete isso em seu confronto
 com os escribas “Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os
 mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único
 Senhor; amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda
a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. Eis aqui o
 segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento
 maior do que estes não existe”. É esse mandamento foi o que direcionou
 a vida do povo de Israel durante todo o Antigo Testamento, mas Jesus
 antes de partir para o Pai nos Deixou um novo mandamento: “Amai-vos
 uns aos outros como eu vos amei”. A exigência do amor de Jesus nos
 leva ao encontro do outro, quem ama o próximo conseqüentemente
ama a Deus, pois Deus é amor. Quem é o meu próximo? Como na parábola
 do Bom Samaritano, o próximo é aquele que está precisando de meu
amor neste momento. E geralmente o amor é exigido em uma situação
 de desamor, em um problema, em uma situação em que só o amor pode resolver e solucionar um problema. E isso é exigente. Faz com que saiamos
de nossa individualidade, vencendo nossas barreiras e limitações para ir ao encontro da necessidade do outro sem esperar nada em troca. É o que
Paulo nos coloca na primeira leitura: “... exortavam a permanecerem firmes
 na fé, dizendo-lhes: ‘É preciso que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus’". Esse sofrimento que Paulo coloca é referente à doação incondicional de amar o próximo até a morte, se necessário, e isso, olhando para a vida dele, vemos que em todos os lugares em que foi pregar
a Palavra de Deus passava por privações e perseguições, mas nem por isso desistiu de amar o próximo como Jesus amou, e foi até a morte pelo nome
 de Jesus.
É nesse amor que reconhecerão que somos de Cristo. O mundo esta desfacelado pelo egoísmo, individualismo, hedonismo, materialismo...
A fé está em baixa e a adesão a Deus está cada vez mais distante. E por
quê? Porque nós, Cristãos, que deveríamos dar testemunho desse amor incondicional ao nosso próximo está raquítica e minguando, e a cada dia vemos menos testemunho nos cristãos: é no meio político, nas empresas – empresários e funcionários, nas escolas – professores e alunos, é no
comércio – patrão e empregados... E somos um país cuja maioria é Católica
 e muito mais ainda se incluirmos todos os cristãos.
Jesus diz: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns aos outros”. O amor é a solução para todos os problemas, o
Senhor nos deixou a regra para conduzirmos nossas vidas e transformar a
 face da terra.
Assim quando olhamos para a leitura de Apocalipse “Um novo céu e uma
nova terra”, ficamos perplexos daquilo que nos espera: "Esta é a morada
de Deus entre os homens. Deus vai morar no meio deles. Eles serão o
seu povo, e o próprio Deus estará com eles. Deus enxugará toda lágrima
 dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem
choro, nem dor, porque passou o que havia antes". Mas quando será isso? Somente no fim. Quem perseverar até o fim verá “um novo céu e uma nova terra”, mas serão aqueles que passaram pela grande tribulação e foram lavados pelo sangue do cordeiro. Serão aqueles que conseguiram amar
como o Senhor nos amou, aqueles que seguiram o Mestre, que foram discípulos e fizeram o que o Mestre fez, aprenderam em tudo seguir os
passos de seu Mestre ao ponto de se tornarem missionários e formaram
outros para viver o amor, formaram uma comunidade de irmãos vivendo o amor, formaram a Igreja e pelo testemunho conquistaram o mundo para
Deus.
Nossa?! Isso é utopia ou é uma possibilidade? Tem um ditado que diz:
“Quem viver, verá”. De fato somente quem estiver disposto a seguir os
passos do Mestre poderão ver e viver as alegrias de um “novo céu e uma
 nova terra”. Não deixe pra depois, o tempo é curto, a vida passa rápida e
 logo nós também passamos. Faça um pacto com Deus, de amar e servir
o seu próximo, independente de quem seja até dar a vida, se necessário
for, e o prêmio você já sabe: “Deus vai morar no meio deles. Eles serão o
 seu povo, e o próprio Deus estará com eles”. Ver a Deus face a face. Hoje vemos na fé, mas esta vai passar e veremos nosso criador tal como Ele é.
 Será a alegria eterna... Pense nisso, vale a pena!

Antonio Ribeiro de Castro
Fundador da COMDEUS



domingo, 21 de abril de 2013

A CNBB e as Novas Comunidades



CNBB quer elaborar orientações para as Novas Comunidades

Jéssica Marçal
Enviada especial a Aparecida (SP)


Arquivo/CN
Dom Alberto vê que as novas comunidades foram suscitadas na Igreja pela ação do Espírito Santo
Durante esta semana, a questão das novas comunidades foi um dos assuntos que esteve na pauta de discussão dos bispos que participam da 51ª  Assembleia Geral da CNBB em Aparecida (SP). Esta é uma realidade que se faz cada vez mais presente na Igreja no Brasil e no mundo.

O arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira Corrêa, disse que os bispos começaram a tratar a questão mais de perto nesta assembleia. "O que já é uma grande novidade, porque o assunto entra agora de uma forma mais explícita”, disse.

O arcebispo contou que acompanha de perto as novas comunidades e vê que elas foram suscitadas na Igreja pela ação do Espírito Santo justamente para contribuir com a nova evangelização. Ele citou como exemplo o trabalho realizado na Revista dos 'Jovens Conectados', da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB.

“Se a gente observa essa revista dos Jovens Conectados na preparação da Jornada (JMJ), há presença reconhecida e valorizada das comunidades novas como elemento de evangelização da juventude. Para mim, isso é muito significativo e positivo, porque já expressa que a Igreja no Brasil conta com as comunidades novas”.

Sobre as orientações práticas para essas comunidades novas, Dom Alberto informou que ainda não há nada concreto. O assunto debatido na Assembleia apenas manifestou o desejo de que haja orientações de como os bispos devem acolher essas comunidades novas e como podem orientá-las no exercício do seu próprio ministério. “Carisma é Dom de Deus. O bispo não é o proprietário dos carismas, mas cabe a ele um discernimento dos carismas”.

E sobre a atuação dessas novas comunidades na paróquia, que é o âmbito destacado no tema central da Assembleia deste ano ('Comunidade de comunidades: uma nova paróquia'), o arcebispo de Belém explicou que essa atuação se dá de forma temática. “As comunidades novas não atuam somente nas paróquias. A paróquia é uma organização territorial da Igreja. Eu diria que as comunidades e movimentos entram na vida pastoral de uma forma transversal, temática, segundo o carisma de cada uma dessas comunidades, colocando-se à disposição dos bispos”.

Como exemplo, Dom Alberto citou alguns trabalhos realizados em sua arquidiocese. Há uma comunidade que, junto com o bispo auxiliar, assumiu o trabalho de evangelização das 40 ilhas presentes na arquidiocese. Outras comunidades, segundo ele, atuam diretamente em alguma paróquia. “Portanto, segundo o carisma, há sempre um intercâmbio: carisma – realidade, carisma – paróquia, carisma – diocese, sempre tudo isso mediado pelo ministério do bispo", concluiu.

sábado, 20 de abril de 2013

CRISMA DE JOVENS DA COMUNIDADE DO BAIRRO DOM EXPEDITO: PRESENÇA DE DOM ODELIR JOSÉ MAGRI, MCJ, NA CASA DA MISERICÓRDIA








OBREIROS DA CONSTRUÇÃO QUE SOU EU! MUITA GRATIDÃO E . . . SAUDADES!

IRMÃ RITA MENDES PEREIRA
(Irmã Rosália)


                             O viver e o surpreender-se são inseparáveis! Assim como não é possível separar aquilo que somos capazes de aprender com aqueles com quem convivemos e a realidade existencial em que nos tornamos.
                            Conheci a Irmã Rosália ainda adolescente, nas celebrações que frequentávamos na Catedral de Sobral ou na Igreja do Menino Deus. Pessoa simples, generosa . . . Em 1992 ajudava-nos a Evangelizar a juventude da Paróquia da Sé, permitindo que utilizássemos o espaço físico do Centro de Educação Santo Antônio, casa das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, para preparar os jovens da Paróquia para o Sacramento da Crisma.
                            Dessa convivência pastoral, nasceu o convite para tornar-me professor de Ciências e Religião daquela Escola que guardo dentro de mim. No ano seguinte, 1993, convidou-me para assumir a Coordenação Pedagógica da casa de Educação da qual era Diretora, e onde permaneci trabalhando ao seu lado até 2002. Fui presenteado com a sua confiança e pude desfrutar do seu apoio, sempre.
                       Pelo seu testemunho, fortaleceu em mim um grande Amor pelo Coração Sagrado de Jesus.
                       Primeira Madre da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, nunca perdeu a humildade. Mulher forte, de oração verdadeira e profunda, Esposa adornada do Amado Jesus, sempre manifestou a alegria de ter nascido em Taperuaba, sua Terra.
                       Em nossos encontros mais raros, depois que deixei de trabalhar no Centro de Educação Santo Antônio, sempre havia espírito de verdadeira acolhida, em cada abraço recebido e doado.
                      Partiu ao encontro de seu Esposo Jesus em 8 de abril, passado. Posso afirmar, com certeza, que reencontrou feliz, seu pai espiritual, Monsenhor Joaquim Arnóbio de Andrade, a quem sempre devotou, filial e terno amor.
                     O que dizer, então? Fui tomado de surpresa ao ler no Jornal Correio da Semana, hoje, 11 dias depois, sobre essa partida  . . . Pude encontrar dentro de mim o profundo e verdadeiro sentimento de gratidão, por todo o bem que foi capaz de semear em mim e em minha  minha família, profissional, humana e espiritualmente. Dizer o que? Muito obrigado! A Senhora ficará para sempre escrita dentro de mim. Tristeza? Não! Se a generosidade foi traço marcante de sua caminhada, pelos difíceis caminhos desta vida, quanto bem poderá fazer a nós, que ainda caminhamos, estando envolta pela generosidade sem limites, sem fim, do Sagrado Coração de Jesus, a quem devotou sua vida nesta terra.
                     Sorrimos e sofremos juntos, quanta aprendizagem! Muito obrigado, mais uma vez!
                     A todas as Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, o meu abraço solidário de fé e esperança pascal, extensivos aos seus familiares, de modo muito pessoal, ao Alan, seu sobrinho, pelo imenso carinho e zelo que sei, lhe devotou o quanto pode!
                    Permaneça com Nosso Senhor, IRMÃ ROSÁLIA! Ele a escolheu!


                    Peço á Irmã Carminda Amélia, MRCJ, permissão para reproduzir também aqui, seu texto-homenagem a essa mulher tão importante para mim!

GENTE DE LÂMPADA ACESA

Ir. Carminda Amélia, MRCJ
Conselheira e Secretária Geral




Para conhecermos bem uma pessoa muitas vezes é necessário saber sobre o que elas pensam ou falam de outros. Com que amabilidade pondera sobre alguém! Assim, podemos traçar um pouco do perfil de Ir. Rita Mendes Pereira, Ir. Rosália, nossa querida co-fundadora e primeira Madre Geral da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus.
Com o título assinalado: “Gente de Lâmpada acesa: fiel na terra, feliz no céu”, penso em fazer justiça e uma homenagem merecida àquela que, reconhecida e grata ao fundador  Pe. Arnóbio, o cravo, e às nossas amadas Irmãs, as rosas, que a precederam no caminho do céu, escreveu um opúsculo cujo título deixa claro a sensibilidade e afetuosa amizade: GENTE DE LÂMPADA ACESA. 
Agora peço licença a autora para acrescentar mais uma rosa neste jardim florido e perfumado de gente que amou profundamente a Deus e teve uma vida dedicada à educação, evangelização e aos pobres: Rita Mendes Pereira, nossa Irmã Rosália, a rosa que nos deixou depois de uma longínqua caminhada, beirando seus bem vividos 88 anos e assim se expressa: “Jesus, nosso amado irmão e companheiro de jornada, esteja sempre ao nosso lado, quer seja longa ou breve a nossa caminhada. Ele mesmo nos conduza à mansão dos eleitos, onde com Ele e com Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, na companhia dos anjos e santos cantaremos os seus louvores”.


A essência de sua vida virtuosa traz os traços de sua genitora, pois a própria Irmã Rosália assim a descreve: “Fui muito influenciada pela personalidade e caráter de minha mãe a qual sempre foi para mim um verdadeiro exemplo. Sempre muito honesta, compadecida dos aflitos, humilde e pronta a perdoar. Sabia colocar-se constantemente nas mãos de Deus. Fui crescendo orientada por minha mãe, e esta confiava muito em mim”.
Recebe o dom divino do chamado à Vida Religiosa e faz de sua vida uma entrega total ao amor, cuja atração ao convívio com Deus, desde jovem foi este o seu desejo: “Dai para frente Jesus foi conduzindo-me ao seu amor e ao seu serviço”.  Com discernimento e clareza pode ser levada para fazer parte da primeira comunidade religiosa: “Anos depois, entrei para a Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus. Nesta Congregação tenho recebido tudo o que necessita uma alma para a sua ascensão espiritual”.
Não tenho o dom de burilar as palavras como nossa Ir. Rosália, cuja facilidade de escrever se dava pelo constante hábito de leitura, donde sorvia conhecimento e profunda acuidade de reflexão, cuja inspiração divina sempre lhe favorecia a espiritualidade: “Quem ama se eterniza. Quem vive voltado para Deus, e aceita o outro como ele é, está se eternizando”, escrevia ela no preâmbulo sobre alguns traços de vida de Ir. Luiza. E não poupa reconhecimento de suas virtudes: “A sua generosidade era admirável: esquecia de si para atender os outros. Ir. Luiza foi a primeira superiora no início da Congregação”.  
Como co-fundadora, reconhece em sua co-irmã, Irmã Luiza, as qualidades necessárias para levar adiante a congregação nascente: “Lembro bem na capelinha de Santo Antonio, no início da congregação... Daí para frente só Deus sabe...”  e acrescenta: “As dificuldades eram imensas (...).  Existia somente uma abundância, era a boa vontade e o desejo que a congregação progredisse”. Que belo exemplo de fraternidade! Reconhecer na outra os dons e se deixar conduzir, obedecer... 
Disso também sou testemunha de sua obediência e humildade quando aceitou está sob a minha coordenação de 1999 aos meados de 2005, quando Irmã Rosália, deixando a direção do Colégio Santo Antonio e lança-se, sem olhar para trás, em busca de “águas mais profundas”, seguindo a ribeira do Rio Acaraú e desembocando no litoral, na cidade de Cruz. É exemplo de Irmã, amiga. Sempre me apoiando e jamais tentou sequer demonstrar que tinha vasta experiência no âmbito da educação, já que sua formação acadêmica era Pedagogia com especialização em administração escolar.  Dedicou-se plenamente à Biblioteca Irmã Portela, donde conduziu a sala de leitura com maestria, cujo reconhecimento é traduzido pelas palavras sábias e sinceras da Profª Luciany Sousa:  “Ir Rosália, hoje o céu se enche de luz com sua chegada! Mas, em antítese e numa confusão de sentimentos nós estamos tristes com sua partida, embora alegres por descansar junto de Deus. Obrigada por tantos ensinamentos! Foi maravilhoso ser sua aluna e também trabalhar com a senhora... Tenho certeza que todos que passaram pela “Oficina de Leitura” da EFSF e pela Biblioteca Irmã Portela têm boas histórias para contar e muito a lhe agradecer. Obrigada por todos aqueles “pontos”, por todos os reforços positivos, por ter me ensinado a escrever melhor, a lecionar melhor... a corrigir sempre mais, me empenhar sempre mais. E obrigada pelos recadinhos, pelos elogios, pelo carinho... por tudo”!
Por seu profundo amor a Eucaristia conduziu várias turmas na formação para a Primeira Eucaristia, e aqui também apresentamos alguns depoimentos: “IR.ROSALIA...DESCANSE EM PAZ.....FOI MINHA PROFESSORA NA EUCARISTIA....SERERMOS ETERNAMENTE GRATOS!!!!! por Gustavo Vasconcelos, entre tantos que lhe devotam estima, gratidão e saudade.
Mas falar de sua presença em Cruz, citando entre tantos feitos, muitas vezes silenciosos, foi o zelo pela Capela Nossa senhora do Perpétuo Socorro, cujas novenas da saúde, às quarta-feira, era motivo de preparar os cantos, o altar, as reflexões... Um jeito novo de evangelizar.
Ah! E como não falar do novenário do mês de maio, mês dedicado a Mãe de Deus, sua devoção preferida, qual lírio formoso ela vislumbra nos campos eternos:


“O nome de Maria é maravilhoso;Move o céu e a terra!
Qualquer coisa que façamos, para onde
Quer que dirijamos o olhar, sempre encontramos Maria, 
A Mãe de Jesus e nossa mãe, logo nosso espírito adquire
Serenidade e alegria.
Jesus está aqui. Maria a Mãe de Jesus também está aqui. 
Há portanto perfeita Comunicação entre o céu e a terra”.
(Do livro TAPERUABA Origem e Evolução)

Irmã Rosália deixa impresso a sua admiração pelo fundador: “O que mais encantava na vida de Pe. Arnóbio era o desejo que ele tinha de evangelizar. E na realidade ele evangelizou muito com a palavra, mas muito mais com a vida”.


A caneta corre veloz em sua mão como a de um ágil escritor e tomam forma as palavras e ela vai tecendo os textos com a mesma facilidade com que discorre a leitura: “O cristão tem o dever de iluminar os outros  e mostrar o caminho que leva até Deus. Através de suas ações ele pode refletir, permitindo que seu irmão enxergue e conheça a alegria de viver o AMOR de Deus”, escrevia ela na crônica dedicada a Ir. Abgarina.  
Na mensagem dedicada a Ir. Frota expressa a vontade que ela mesma carregava em seu coração humilde e generoso: “e quem tem o coração cheio de Amor tem que transbordar e esse transbordamento contagia o ambiente e os outros. Irradia fervor e vontade de ser melhor”. 
Para a Irmã Margaridinha resumiu de forma carinhosa: “Em resumo eu diria que a nossa “pequena” Irmã Margarida foi uma religiosa exemplar”. E acrescenta adiante: “A sua simplicidade, sem possuir diplomas na mão, foi modelando a autenticidade de sua Vida Reparadora, na oração, na disponibilidade, no amor e no respeito à Congregação”.
Assim podemos também traçar o perfil daquela cuja vida foi dedicada ao serviço de Deus, amor à sua família e amor à Congregação. Não se pode negar o testemunho desta rosa, Rosália, no jardim florido da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, que deixemo-nos nos educar ainda um pouco com suas palavras: “Rezar é estar na companhia de Deus. A oração coloca dentro de nossa vida certeza de que existe alguém que nos ama desinteressadamente, mesmo que não sejamos dignos desse amor. Mesmo que sejamos como o filho pródigo”.
Irmã Rosália escolheu a Casa do Menino Deus para viver seus últimos anos. E foi-se a flor que perfumou com sua sabedoria e humildade o jardim das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus: “que de manhã cedo ela viceja e floresce, à tarde cresce, murcha e por fim fenece” como canta o salmista.
Assim deixo a minha gratidão e peço ao Bom Deus que acolha Irmã Rosália no número de seus eleitos como a serva fiel que pôde sempre cantar: “Eu sou do meu amado e o meu amado é meu”!

Ir. Francisco  Edmilson  Moreira Carneiro, MAM
Fundador e Coordenador Geral do ILMAM 

O PAPA FRANCISCO CANONIZARÁ O BEATO JOÃO PAULO II EM 20 DE OUTUBRO 2013! LOUVADO SEJA DEUS!



PAPA WOJTYLA SANTO IL 20 OTTOBRE 2013 – SAREBBE IL PRIMO CANONIZZATO DA PAPA FRANCESCO

Città del Vaticano - Una notizia bellissima che sta facendo il giro del mondo da pochi minuti, che qualora venisse confermata, darebbe grandissima gioia a tutti i cristiani del Mondo ed ai tantissimi devoti del Papa polacco Carol Wojtyla.
Il primo Santo che Papa Francesco proclamerà nel suo pontificato potrebbe essere Giovanni Paolo II. Già nei primissimi giorni dopo l'elezione, secondo fonti vicine alla Santa Sede, avrebbe fornito rassicurazioni all'arcivescovo di Cracovia, il cardinale Stanislao Dziwisz, ex segretario di Papa Wojtyla, sul fatto che la canonizzazione del Pontefice polacco potrebbe avvenire già nel prossimo mese di ottobre, in particolare si è presa in considerazione la data di domenica 20, in concomitanza con la festa del beato Wojtyla, che ricorre il 22.


Parabéns, Dom Odelir! Sua vida é preciosa para nós!


6° Bispo de Sobral: Dom Odelir José Magri

Dom Odelir José Magri nasceu em 18 de abril de 1963, na cidade de Campo Erê, Santa Catarina.
Após os estudos preparatórios, em 26 de junho de 1988, emitiu a profissão religiosa na Congregação dos Combonianos.
Completou os estudos de Filosofia e Teologia em Paris, obtendo licenciatura em Filosofia. Em 18 de outubro de 1992, recebeu a ordenação.
Entre 1992 e 1996, atuou no Congo onde, em 1996, foi formador dos Postulantes. De volta ao Brasil, em São Paulo e Minas Gerais, exerceu diversas funções.
Desde 2003 é assistente-geral da Congregação em Roma e, desde 2009, vigário-geral dos Combonianos..+
O ILMAM  -  Instituto de Leigos Missionários do Amor Misericordioso, parabeniza seu Pastor pela passagem de seu aniversário, pedindo ao Senhor da Misericórdia, que o abençoe com a Paz, tornando, assim, seu Ministério Episcopal cada dia mais fecundo! 
NÓS O AMAMOS!


Quarto Domingo da Páscoa - Jesus, o Bom Pastor



O profeta Isaias havia anunciado que o Messias abriria sua boca em parábolas para que os de coração endurecido, vendo, não vissem e, ouvindo, não ouvissem. Quando Jesus anunciou sua missão misericordiosa nesta parábola, cheia de ternura, do Bom Pastor, o Evangelista nos relata que “eles não entenderam do que estava dizendo” (Cf. Jo. 10,6). Seu coração estava cheio de ódio porque não o queiram reconhecer como o Filho de Deus e “Novamente apanharam pedras para apedrejá-lo” (vs.21)e mais adiante, procuravam prendê-lo (vs.39).

Que o nosso coração esteja disposto e atento para percebermos todo o ensinamento da parábola e, sobretudo, para a vivermos na confiança ilimitada na bondade de Deus.

O pastor, uma realidade natural para o povo a quem Jesus falava e que perdurou por séculos até bem pouco tempo atrás, antes da transformação da economia rural em industrial. Ele cuidava das ovelhas e as guardava do perigo, levava-as às pastagens e, deixando seguras todas as outras, saía a procurar a que se extraviara, cuidava-lhe as feridas daquela jornada solitária e a levava novamente ao convívio das demais.

Jesus se intitula o Bom Pastor. Bom, ele o era por essência, como Filho de Deus, em quem habita. Em sua plenitude, a Bondade, ensina Santo Gregório, papa. Bom, também e ainda na sua forma, enquanto entregou sua vida pelas ovelhas que lhe foram confiadas pelo Pai. Não só se sacrificou por elas, continua o mesmo santo, mas ainda deu-se em alimento e bebida, na eucaristia: “Bom Pastor, entregou sua vida pela suas ovelhas para que, em sacramento para nós, vertesse seu corpo e sangue e saciasse as ovelhas que remira com o alimento de sua carne”.

Santo Tomas, no hino seqüencial “Lauda Sion”, que se reza na liturgia da missa da festa do Santíssimo Corpo e Sangue do Senhor, retoma o mesmo tema. Da Eucaristia, memorial da morte de Cristo, que nos dá em alimento, pede e suplica que nos conduza às pastagens eternas.

Na continuidade da parábola, Jesus ensina que a ovelhas conhecem a voz do Pastor e o seguem. Não reconhecem o mercenário, que não é pastor e a quem não interessa as ovelhas senão o ganho da jornada. Ele deixa vir o lobo que rouba rezes e devasta o rebanho. As ovelhas do redil de Cristo e ainda as de outro redil que vieram se juntar, os gentios que estavam longe da Aliança, reconhecem a voz do Pastor pela fé e pelo amor e o seguem aonde Ele as leva porque lhe foram dadas pelo Pai.

Quando Jesus anunciou que daria seu Corpo em alimento, os judeus e muitos discípulos se afastaram. Então o Mestre Divino perguntou aos que ficaram se também eles não queriam ir embora. Pedro respondeu em nome de todos: “Senhor as que iremos? Só tu tens palavra de vida eterna” (Cf. Jo.6,68). Como em outra passagem, não foi a sabedoria humana que inspirou a resposta, senão a inspiração divina, pela fé.

Jesus é a Porta pela qual se entra no redil. Quem não entra por esta Porta é assaltante e ladrão. O único caminho que nos conduz à segurança do aprisco e às pastagens eternas é o Filho de Deus: “Eu sou a Porta: se alguém entra por mim será salvo, poderá entrar e sair e achará pastagens” pois “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Cf. Jo.10,9-10).

Quando da Ascensão aos Céus, Jesus ordenou aos seus discípulos que continuassem a sua missão: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Cf. Mc. 16,15) E, conclui o Evangelho que os apóstolos partiram e pregaram por toda a parte. A continuidade do rebanho de Deus na terra, a Igreja, foi confiada a eles e a seus sucessores. Aos que foram chamados para esta missão devem conformar sua vida com a vida de Cristo e estender sua dedicação, seu amor, a sua misericórdia ao povo de Deus. E, seguindo a mesma lição de São Gregório, já citado, estar dispostos a oferecer sua vida por aqueles que lhe foram confiados.

São Pedro recomenda aos presbíteros: “Apascentai o rebanho de Deus que vos é confiado, cuidando dele, não contra a vontade, mas de bom grado como Deus quer...mas tornando-vos modelo para o rebanho (Cf. 2Ped, 5,2)

A nós, comunidade de fé e caridade, importa reconhecer neles a mesma voz do Pastor Eterno e retribuir com a mesma caridade e amor. Assim seguiremos o Bom Pastor, o Pão da Verdade e reconhecemos que Ele nos apascenta e nos guarda enquanto esperamos atingir os bens eternos na terra dos vivos. (seq. citada.)


 DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO

ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA


terça-feira, 9 de abril de 2013

ESPIRITUALIDADE DA PÁSCOA




Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro - RJ

Com a celebração do tríduo pascal culminando na vigília do sábado para domingo nós iniciamos o tempo pascal. Na realidade o evento pascal ilumina e motiva toda a vida cristã. É central em nossa espiritualidade. Por isso mesmo, “fazer Páscoa” anualmente é essencial para o cristão poder viver o seu dia a dia alimentado pela presença do Cristo Vivo e Ressuscitado.
O Tríduo Pascal é a celebração da Páscoa sob três dimensões: a da instituição da Eucaristia na Última Ceia, o sacrifício de Cristo na Cruz derramando o seu Sangue Precioso e a Sua presença Ressuscitado anunciando a vida que venceu a morte! Nós iniciamos na quinta feira santa à noite para concluirmos com a bênção final no sábado santo. E com essa celebração iniciaos a oitava da Páscoa abrindo o tempo pascal.

Apesar de Jesus ter antecipadamente anunciado que seria preciso passar pela paixão antes de entrar em sua glória (cf. Lc 24,26), os discípulos não tinham conseguido assimilar toda a dimensão e o sentido dos fatos ligados à paixão e morte do Mestre. O mistério da morte é sempre difícil de ser compreendido, mesmo quando iluminado pela fé na ressurreição. Era preciso que o Cordeiro de Deus fosse imolado para entrar na glória (cf. Jo 1,29).

No querigma anunciado por Pedro na manhã de Pentecostes, fica evidente a vontade salvífica do Pai: “Deus, em seu desígnio e previsão, determinou que Jesus fosse entregue pelas mãos dos ímpios, e vós o matastes, pregando-o numa cruz. Mas Deus o ressuscitou, libertando-o das angústias da morte, porque não era possível que ela o dominasse” (cf. At 2,23-24). Cristo crucificado torna explícito o simbolismo da serpente de bronze no deserto (cf. Nm 21,4-9): “Quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim” (cf. Jo 12,32).

A celebração da Páscoa nos convida a morrermos com Cristo para com ele entrarmos na vida nova por ele inaugurada (cf. Rm 6,8). O simbolismo nos conduz ao Batismo e à vida batismal, ao êxodo, ao retorno do exílio, a passagem do inverno para a primavera, porém agora atingindo a nova e eterna aliança no sangue de Cristo, vencendo o pecado que causa morte e levando a pessoa humana para a vida divina. A vivência do mistério pascal requer abandonar o velho fermento do pecado, da maldade, ou da iniqüidade para nos tornar pães ázimos da sinceridade e da verdade (cf. 1Cor 5,7-8). Só então será possível inaugurar a vida nova com o novo fermento da graça e da fidelidade a Cristo.

Com a Páscoa, estamos no centro da espiritualidade cristã. Muitas pessoas pensam neste tempo apenas como se fosse um feriado prolongado! Acabam perdendo a oportunidade de celebrara Páscoa. Envolvida por esse ambiente consumista, a celebração da Páscoa, infelizmente, não constitui, para muitos cristãos, o acontecimento central de sua vida religiosa. Para tantos outros os eventos celebrados não passam de ritos tradicionais, quando muito acompanhados, mas não vivenciados. Falta-nos a iniciação “aos mistérios” de nossa fé! O respeito ao jejum, abstinência de carne já foi esquecido, bem como da contemplação e do silêncio na sexta-feira santa. Nesse mundo plural sabemos que as festa, as orgias continuam como se nada estivesse ocorrendo. E muitos dos que estão nessa vida foram um dia por nós batizados.

O mistério pascal constitui o fundamento e o centro, a chave de leitura do culto e da vida cristã. A liturgia, particularmente a Sagrada Eucaristia, é o memorial da morte e ressurreição de Cristo. Quando, na última Ceia, Jesus conclamou seus discípulos a fazerem o que ele fez – fazei isto em memória de mim – estabeleceu não apenas um rito comemorativo, mas um compromisso de fidelidade. Por isso, aclamamos: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos, Senhor, a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda”.

Portanto, a ordem de Jesus “Fazei isto em memória de mim” vai muito além de mera repetição ritual comemorativa da Última Ceia: participamos realmente dos frutos da paixão, morte e ressurreição do Senhor. Na Eucaristia Jesus se dá como alimento. Ele é o verdadeiro viático, isto é, o alimento da nossa peregrinação em busca do Reino definitivo. Quando celebramos o mistério da entrega total de Cristo por nós, nos comprometemos a dar nossa vida como oferta agradável ao Senhor. O Corpo dado por nós e o sangue por nós derramado selam nosso compromisso pessoal e definitivo de darmos também nós a vida por Cristo e pelos irmãos em vista da transformação da sociedade humana.

A páscoa de Cristo deve ser entendida como sinal e antecipação de um mundo novo, povoado por um povo novo num processo de regeneração universal. É o início do “oitavo dia”!     Como discípulo de Cristo, o cristão deve ser novo fermento para nova humanidade.  À medida que celebramos a vida nova interiorizamos o mistério pascal e nos tornamos templos novos do Senhor. Não nos encontramos com um deus impessoal, genérico, motor imóvel, mas com o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. É preciso subir das coisas inferiores para as superiores, das realidades exteriores às interiores (cf. Cl 3,1-2).

A espiritualidade pascal não se restringe ao tempo pascal. Necessariamente se expande por todo o ano litúrgico e se desdobra nas diferentes celebrações do mistério de Cristo, na certeza de que “se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele. Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, no Cristo Jesus” (cf. Rm 6,8-11). 

A espiritualidade pascal nos convoca constantemente renovar a nossa adesão a Cristo morto e ressuscitado por nós:  a sua Páscoa é também a nossa Páscoa, porque em Cristo ressuscitado é nos dada a certeza da nossa ressurreição. A notícia da sua ressurreição dos mortos não envelhece e Jesus está sempre vivo; e vivo é o seu Evangelho. "A fé dos cristãos observa Santo Agostinho é a ressurreição de Cristo". Os Atos dos Apóstolos explicam-no claramente:  "Deus ofereceu a todos um motivo de crédito com o fato de O ter ressuscitado dentre os mortos" (17, 31). A morte do Senhor demonstra o amor imenso com que Ele nos amou até ao sacrifício por nós; mas só a sua ressurreição é "prova certa", é certeza de que quanto Ele afirma é verdade que vale também para nós, para todos os tempos. Ressucitando-o, o Pai glorificou-o. São Paulo assim escreve na Carta aos Romanos:  "Se confessares com a tua boca o Senhor Jesus e creres no teu coração que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (10, 9).

A Páscoa é a exaltação ou glorificação do Crucificado. De fato, no Evangelho de João, Jesus exclama:  "E quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (12, 32; cf. 3, 14; 8, 28). No hino inserido na Carta aos Filipenses, depois de ter descrito a profunda humilhação do Filho de Deus na morte de cruz, Paulo celebra assim a Páscoa:  "Por isso é que Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome, para que ao nome de Jesus, todo o joelho se dobre nos Céus, na Terra e nos Infernos, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai" (2, 9-11).
Que a espiritualidade pascal nos insira na vivência das alegrias do Ressuscitado! Feliz Páscoa
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Dom Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro - RJ

segunda-feira, 8 de abril de 2013

POSSE DO BISPO DE ROMA




latraoNa tarde deste domingo, 7 de abril, Papa Francisco tomou posse da sua Cátedra na Basílica de São João de Latrão, a Catedral de Roma, com uma solene cerimônia na qual ressaltou a paciência e a misericórdia de Deus.
Chegando à Basílica a bordo do papamóvel em meio ao entusiasmo dos fiéis e peregrinos presentes que o aguradavam, pouco antes, o Santo Padre abençoara, na praça diante do vicariato, a placa toponomástica que muda o nome do lugar para "Praça João Paulo II, Pontífice de 1978 a 2005".
Na sua homilia, comentando as leituras do dia, falou da relutância de Tomé em acreditar nos demais apóstolos, quando lhe dizem «Vimos o Senhor».
E qual é a reação de Jesus? A paciência: Jesus não abandona Tomé, não fecha a porta, espera. E Tomé acaba por reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé. Também Pedro renegou por três vezes Jesus. Quando toca o fundo, encontra o olhar de Jesus que, com paciência e sem palavras, lhe diz: «Pedro, não tenhas medo da tua fraqueza, confia em Mim».
“Como é belo este olhar de Jesus! Quanta ternura! Irmãos e irmãs, jamais percamos a confiança na paciente misericórdia de Deus!” – exortou o Pontífice.
Este é o estilo de Deus: não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo e imediatamente, mesmo quando se trata de pessoas. Ele é paciente conosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não corta as pontes, sabe perdoar.
“Recordemo-lo na nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos! Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto a abraçar-nos.”
Todavia, destacou Francisco, a paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado na nossa vida.
Talvez alguém possa pensar: o meu pecado é tão grande, o meu afastamento de Deus é como o do filho mais novo da parábola, a minha incredulidade é como a de Tomé; não tenho coragem para voltar, para pensar que Deus me possa acolher e esteja à espera precisamente de mim.

“Mas é precisamente por ti que o Senhor espera!” – disse com veemência o Papa e continuou: “Só te pede a coragem de ires ter com Ele. Ouvimos tantas propostas do mundo ao nosso redor; mas deixemo-nos conquistar pela proposta de Deus: a proposta Dele é uma carícia de amor. Para Deus, não somos números; somos importantes, antes, somos o que Ele tem de mais importante.”
É precisamente sentindo o meu pecado, disse o Papa, olhando o meu pecado que posso ver e encontrar a misericórdia de Deus, o seu amor, e ir até Ele para receber o seu perdão.
“Amados irmãos e irmãs, deixemo-nos envolver pela misericórdia de Deus; confiemos na sua paciência, que sempre nos dá tempo; tenhamos a coragem de voltar para sua casa, habitar nas feridas do seu amor deixando-nos amar por Ele, encontrar a sua misericórdia nos Sacramentos. Sentiremos a sua ternura, sentiremos o seu abraço, e ficaremos nós também mais capazes de misericórdia, paciência, perdão e amor.”
A posse da Cátedra foi feita logo no início da Missa. Depois, alguns representantes da diocese manifestaram, em nome da Igreja de Roma, a obediência e a filial devoção ao próprio bispo.
Na Missa de início de pontificado, a obediência foi prestada por seis cardeais, representando todo o Colégio Cardinalício. Desta vez, na Catedral da Diocese de Roma, foi prestada por representantes de vários membros da comunidade eclesial: o cardeal-vigário, um bispo auxiliar, um pároco, um vice-pároco, um religioso, uma religiosa, uma família e dois jovens (uma moça e um rapaz).
Concelebraram com o Santo Padre o Vigário de Roma, Card. Agostino Vallini, o Vigário emérito, Card. Camillo Ruini, o conselho episcopal da diocese e o conselho dos párocos prefeitos.
Antes de deixar a Basílica o Santo Padre assomou à sacada da Igreja-Catedral para mais uma vez saudar os milhares de fiéis que, em clima de festa, aguardavam-no do lado de fora. Francisco pediu orações dizendo precisar muito das orações dos fiéis convidando-os a caminharem junto, povo e bispo. Por fim, concedeu mais uma vez a sua Bênção.
Leia na íntegra, a homilia:
Amados irmãos e irmãs!
Com alegria, celebro pela primeira vez a Eucaristia nesta Basílica Lateranense, a Catedral do Bispo de Roma. Saúdo a todos vós com grande afecto: o Cardeal Vigário, os Bispos Auxiliares, o Presbitério diocesano, os Diáconos, as Religiosas e os Religiosos e todos os fiéis leigos. Caminhamos juntos na luz do Senhor Ressuscitado.

1.Hoje celebramos o Segundo Domingo de Páscoa, designado também «Domingo da Divina Misericórdia». A misericórdia de Deus: como é bela esta realidade da fé para a nossa vida! Como é grande e profundo o amor de Deus por nós! É um amor que não falha, que sempre agarra a nossa mão, nos sustenta, levanta e guia.
2.No Evangelho de hoje, o apóstolo Tomé experimenta precisamente a misericórdia de Deus, que tem um rosto concreto: o de Jesus, de Jesus Ressuscitado. Tomé não se fia nos demais Apóstolos, quando lhe dizem: «Vimos o Senhor»; para ele, não é suficiente a promessa de Jesus que preanunciara: ao terceiro dia ressuscitarei. Tomé quer ver, quer meter a sua mão no sinal dos cravos e no peito. E qual é a reacção de Jesus? A paciência: Jesus não abandona Tomé relutante na sua incredulidade; dá-lhe uma semana de tempo, não fecha a porta, espera. E Tomé acaba por reconhecer a sua própria pobreza, a sua pouca fé. «Meu Senhor e meu Deus»: com esta invocação simples mas cheia de fé, responde à paciência de Jesus. Deixa-se envolver pela misericórdia divina, vê-a à sua frente, nas feridas das mãos e dos pés, no peito aberto, e readquire a confiança: é um homem novo, já não incrédulo mas crente.
Recordemos também o caso de Pedro: por três vezes renega Jesus, precisamente quando Lhe devia estar mais unido; e, quando toca o fundo, encontra o olhar de Jesus que, com paciência e sem palavras, lhe diz: «Pedro, não tenhas medo da tua fraqueza, confia em Mim». E Pedro compreende, sente o olhar amoroso de Jesus e chora... Como é belo este olhar de Jesus! Quanta ternura! Irmãos e irmãs, não percamos jamais a confiança na paciente misericórdia de Deus!
Pensemos nos dois discípulos de Emaús: o rosto triste, passos vazios, sem esperança. Mas Jesus não os abandona: percorre juntamente com eles a estrada. E não só; com paciência, explica as Escrituras que a Si se referiam e pára em casa deles partilhando a refeição. Este é o estilo de Deus: não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo e imediatamente, mesmo quando se trata de pessoas. Deus é paciente connosco, porque nos ama; e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não corta as pontes, sabe perdoar. Recordemo-lo na nossa vida de cristãos: Deus sempre espera por nós, mesmo quando nos afastamos! Ele nunca está longe e, se voltarmos para Ele, está pronto a abraçar-nos.
Sempre me causa grande impressão a leitura da parábola do Pai misericordioso; impressiona-me pela grande esperança que sempre me dá. Pensai naquele filho mais novo, que estava na casa do Pai, era amado; e todavia pretende a sua parte de herança; abandona a casa, gasta tudo, chega ao nível mais baixo, mais distante do Pai; e, quando tocou o fundo, sente saudades do calor da casa paterna e regressa. E o Pai? Teria ele esquecido o filho? Não, nunca! Está lá, avista-o ao longe, tinha esperado por ele todos os dias, todos os momentos: sempre esteve no seu coração como filho, apesar de o ter deixado e malbaratado todo o património, isto é, a sua liberdade; com paciência e amor, com esperança e misericórdia, o Pai não tinha cessado um instante sequer de pensar nele, e logo que o vê, ainda longe, corre ao seu encontro e abraça-o com ternura – a ternura de Deus –, sem uma palavra de censura: voltou! Deus sempre espera por nós, não se cansa. Jesus mostra-nos esta paciência misericordiosa de Deus, para sempre reencontrarmos confiança, esperança! Romano Guardini dizia que Deus responde à nossa fraqueza com a sua paciência e isto é o motivo da nossa confiança, da nossa esperança (cf. Glabenserkenntnis, Wurzburg 1949, p. 28).
3.Gostava de sublinhar outro elemento: a paciência de Deus deve encontrar em nós a coragem de regressar a Ele, qualquer que seja o erro, qualquer que seja o pecado na nossa vida. Jesus convida Tomé a meter a mão nas suas chagas das mãos e dos pés e na ferida do peito. Também nós podemos entrar nas chagas de Jesus, podemos tocá-Lo realmente; isto acontece todas as vezes que recebemos, com fé, os Sacramentos. São Bernardo diz numa bela Homilia: «Por estas feridas [de Jesus], posso saborear o mel dos rochedos e o azeite da rocha duríssima (cf. Dt 32, 13), isto é, posso saborear e ver como o Senhor é bom» (Sobre o Cântico dos Cânticos 61, 4). É precisamente nas chagas de Jesus que vivemos seguros, nelas se manifesta o amor imenso do seu coração. Tomé compreendera-o. São Bernardo interroga-se: Com que poderei contar? Com os meus méritos? Mas «o meu mérito está na misericórdia do Senhor. Nunca serei pobre de méritos, enquanto Ele for rico de misericórdia: se são abundantes as misericórdias do Senhor, também são muitos os meus méritos» (ibid., 5). Importante é a coragem de me entregar à misericórdia de Jesus, confiar na sua paciência, refugiar-me sempre nas feridas do seu amor. São Bernardo chega a afirmar: «E se tenho consciência de muitos pecados? “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5, 20)» (ibid., 5). Talvez alguém possa pensar: o meu pecado é tão grande, o meu afastamento de Deus é como o do filho mais novo da parábola, a minha incredulidade é como a de Tomé; não tenho coragem para voltar, para pensar que Deus me possa acolher e esteja à espera precisamente de mim. Mas é precisamente por ti que Deus espera! Só te pede a coragem de ires ter com Ele. Quantas vezes, no meu ministério pastoral, ouvi repetir: «Padre, tenho muitos pecados»; e o convite que sempre fazia era este: «Não temas, vai ter com Ele, que está a tua espera; Ele resolverá tudo». Ouvimos tantas propostas do mundo ao nosso redor; mas deixemo-nos conquistar pela proposta de Deus: a proposta d’Ele é uma carícia de amor. Para Deus, não somos números; somos importantes, antes, somos o que Ele tem de mais importante; apesar de pecadores, somos aquilo que Lhe está mais a peito.Depois do pecado, Adão sente vergonha, sente-se nu, sente remorso por aquilo que fez; e todavia Deus não o abandona: se naquele momento começa o exílio longe de Deus, com o pecado, também já existe a promessa do regresso, a possibilidade de regressar a Ele. Imediatamente Deus pergunta: «Adão, onde estás?» Deus procura-o. Jesus ficou nu por nós, tomou sobre Si a vergonha de Adão, da nudez do seu pecado, para lavar o nosso pecado: pelas suas chagas, fomos curados. Recordai-vos do que diz São Paulo: De que poderei eu gloriar-me senão da minha fraqueza, da minha pobreza? É precisamente sentindo o meu pecado, olhando o meu pecado que posso ver e encontrar a misericórdia de Deus, o seu amor, e ir até Ele para receber o seu perdão.
Na minha vida pessoal, vi muitas vezes o rosto misericordioso de Deus, a sua paciência; vi também em muitas pessoas a coragem de entrar nas chagas de Jesus, dizendo-Lhe: Senhor, aqui estou, aceita a minha pobreza, esconde nas tuas chagas o meu pecado, lava-o com o teu sangue. E sempre vi que Deus o fez: Deus acolheu, consolou, lavou e amou.Amados irmãos e irmãs, deixemo-nos envolver pela misericórdia de Deus; confiemos na sua paciência, que sempre nos dá tempo; tenhamos a coragem de voltar para sua casa, habitar nas feridas do seu amor deixando-nos amar por Ele, encontrar a sua misericórdia nos Sacramentos. Sentiremos a sua ternura, sentiremos o seu abraço, e ficaremos nós também mais capazes de misericórdia, paciência, perdão e amor
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